Folha de S. Paulo


Bancários encerram greve em SP e em cidades de outros 19 Estados e DF

Após 21 dias de greve, os bancários de São Paulo, de cidades de outros 19 Estados e do Distrito Federal decidiram nesta segunda-feira (26) encerrar a paralisação, aceitar o reajuste de 10% nos salários e retornar ao trabalho nesta terça.

Segundo balanço divulgado pela Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT), entre as capitais em que a paralisação foi encerrada estão Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Fortaleza (CE) e Curitiba (PR) (veja a lista completa abaixo).

Em São Paulo, onde foram feitas três assembleias de funcionários do setor privado, do Banco do Brasil e da Caixa, cerca de 6.000 trabalhadores aprovaram reajuste salarial de 10% para os salários —o que inclui 0,11% de aumento real (acima da inflação). Benefícios como vales refeição e alimentação serão corrigidos em 14%.

No Estado de SP, a greve também acabou na região do ABC, Jundiaí e em algumas cidades do interior, como em Catanduva.

A proposta aprovada foi a quarta oferecida pelos bancos em um prazo de 29 dias. Inicialmente a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) ofereceu 5,5% de reajuste com abono de R$ 2.500 e nas duas últimas semanas aumentou aos poucos o índice de correção dos salários até chegar em 10% sem o pagamento de abono.

Os bancários pediam em sua pauta de reivindicações 16% de reajuste —o índice incluía 5,7% de aumento acima da inflação medida pelo INPC acumulado nos últimos 12 meses.

Com o reajuste aprovado, a categoria acumula ganho real de 20,83% nos salários e 42,3% nos pisos salariais.

Mas o ganho real da campanha salarial de 2015 (0,11%) é o menor dos últimos seis anos. Um dos maiores foi em 2010 quando a categoria recebeu aumento de 3,08% acima da inflação.

Com o INPC beirando os 10%, tem sido menor o número de categorias profissionais que tem conseguido aumentos expressivos.

"Com esse índice, em 12 anos vamos acumular 20,83% de ganho real nos salários e 42,3% nos pisos. O vale refeição será de R$ 29,64 por dia, com reajuste de 14% e 3,75% de ganho real", disse Juvandia Moreira, que preside o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e é uma das coordenadoras do comando nacional dos bancários.

"Foi uma das greves mais fortes dos últimos anos", disse a sindicalista.

A Fenaban manteve a mesma posição que teve desde o início da paralisação e não comentou a negociação, nem os efeitos da greve.

LUCROS

Em relação à PLR (Participação nos Lucros e Resultados), a proposta aprovada prevê que será de 90% do salário mais valor fixo de R$ 2.021,79. O valor fixo do ano passado (R$ 1.838) também será reajustado em 10%.

A regra da PLR determina ainda que devem ser distribuídos no mínimo 5% do lucro líquido. Caso isso não ocorra, os valores de PLR devem ser aumentados até chegar a 2,2 salários.

Sobre os descontos dos dias parados, a negociação prevê abono de 53 horas para os dias parados para quem tem jornada de 6 horas (representa 63% de horas abonadas) e para quem tem uma jornada de 8 horas foram abonadas 81 horas (72%).

No país são 512 mil bancários, sendo 142 mil representados pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região.

BANCOS PÚBLICOS

O reajuste para os funcionários das instituições do setor público é o mesmo para os salários (10%) e os benefícios (14%). O que muda é o valor da PLR negociada em cada banco.

No caso da Caixa e do Banco do Brasil, além da regra básica da Fenaban, haverá PLR adicional de 4% do lucro líquido deste ano, distribuído igualmente para todos os empregados.

No BB, também há alguns itens específicos -como 4.000 bolsas de estudos de graduação, instalação de equipamento de segurança de detecção de metais (nas agências que forem realocadas e as que passarem por grandes reformas.

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CAMPANHA SALARIAL DOS BANCÁRIOS EM 2015

O que receberam:

  • Reajuste Salarial de 10%
  • PLR com regra básica que prevê 90% do salário mais R$ 2.021,79, limitado a R$ 10.845,92. Se o total apurado ficar abaixo de 5% do lucro líquido, será utilizado multiplicador até atingir esse percentual ou 2,2 salários (o que ocorrer primeiro), limitado a R$ 23.861,00. Também será distribuída parcela adicional de 2,2% do lucro líquido dividido igualmente entre os trabalhadores.
  • Correção de benefícios como vales refeição e alimentação em 14%
  • auxílio-refeição sobe de R$ 26 para R$ 29,64 por dia
  • auxílio cesta-alimentação e 13ª cesta-alimentação sobem de R$ 431,16 para R$ 491,52
  • auxílio-creche/babá (filhos até 71 meses) sobe de R$ 358,82 para R$ 394,70
  • auxílio-creche/babá (filhos até 83 meses) sobe de R$ 306,96 para R$ 337,66

O que pediam:

  • Reajuste Salarial de 16%, sendo 5,7% de aumento real, com inflação de 9,88% (INPC)
  • PLR no valor de três salários mais R$ 7.246,82
  • Piso salarial mínimo do Dieese (R$ 3.299,66)
  • Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá - no valor de salário mínimo nacional (R$ 788)
  • 14º salário
  • Fim de metas abusivas (maior pressão) para cumprimento de metas
  • Fim de demissões, ampliação das contratações, combate a terceirização e precarização das condições de trabalho
  • Mais segurança nas agências bancárias

Como foram os aumentos reais nos últimos anos
Percentuais concedidos acima da inflação acumulada em cada ano *

2009: 1,50%
2010: 3,08%
2011: 1,50%
2012: 2%
2013: 1,82%
2014: 2,02%
2015: 0,11%

(*) últimos 12 meses encerrados no mês anterior à data-base da categoria

Fontes: Contraf-CUT e Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região

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  • Lista de Estados e cidades que aprovaram o fim da greve

Acre (exceto Caixa)

Alagoas

Amapá

Bahia

  • Extremo Sul da Bahia
  • Feira de Santana (exceto Caixa e Banco do Brasil)
  • Irecê
  • Salvador
  • Vitória da Conquista (exceto Caixa e Banco do Brasil)

Ceará

Distrito Federal (exceto Caixa)

Espírito Santo

  • Vitória

Mato Grosso do Sul

  • Campo Grande
  • Dourados
  • Naviraí

Mato Grosso

  • Rondonópolis

Minas Gerais

  • Belo Horizonte
  • Cataguases
  • Divinópolis
  • Ipatinga
  • Juiz de Fora
  • Pato de Minas
  • Teófilo Otoni
  • Uberaba

Pará

Paraíba

Paraná

  • Apucarana
  • Arapoti
  • Campo Mourão
  • Cornélio Procópio
  • Curitiba (exceto Caixa)
  • Guarapuava
  • Londrina
  • Paranavaí
  • Toledo
  • Umuarama

Pernambuco (exceto Caixa e Banco do Brasil)

Piauí

Estado do Rio de Janeiro

  • Angra dos Reis
  • Campos dos Goytacazes
  • Macaé
  • Niterói
  • Nova Friburgo
  • Petrópolis
  • Rio de Janeiro
  • Sul Fluminense
  • Teresópolis
  • Três Rios
  • Baixada Fluminense
  • Itaperuna

Rio Grande do Sul

  • Alegrete
  • Bagé
  • Bento Gonçalves
  • Camaquã
  • Carazinho
  • Caxias do Sul
  • Cruz Alta
  • Erechim
  • Frederico Westphalen
  • Guaporé
  • Horizontina
  • Ijuí
  • Lajeado
  • Litoral Norte
  • Nova Prata
  • Novo Hamburgo (exceto Caixa)
  • Passo Fundo
  • Pelotas
  • Porto Alegre
  • Rio Grande
  • Rosario do Sul
  • Santa Rosa
  • Santana do Livramento
  • Santiago
  • Santo Angelo
  • São Borja
  • São Gabriel
  • São Leopoldo
  • São Luiz Gonzaga
  • Soledade
  • Vacaria
  • Valo do Paranhana

Rondônia

Santa Catarina

  • Blumenau
  • Criciúma
  • Florianópolis
  • Joaçaba
  • Concórdia e Região
  • São Miguel do Oeste
  • Videira
  • Araranguá

Estado de São Paulo

  • ABC paulista
  • Araraquara
  • Assis
  • Barretos
  • Bragança Paulista
  • Campinas
  • Catanduva
  • Guarulhos
  • Jundiaí
  • Limeira
  • Mogi das Cruzes
  • Piracicaba
  • Taubaté
  • Vale do Ribeira
  • São Paulo
  • Presidente Prudente

Sergipe

Fonte: Contraf-CUT


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