Folha de S. Paulo


Dólar acompanha exterior e sobe com China e política brasileira no radar

Dúvidas sobre a permanência do ministro Joaquim Levy à frente da Fazenda dão força ao dólar nesta segunda-feira (19) e fazem a moeda americana voltar a ser negociada acima de R$ 3,90.

Às 12h05 (de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 1,83%, para R$ 3,912 na venda. Já o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, subia 1%, também para R$ 3,912.

O dólar avançava sobre 23 das 24 principais moedas emergentes do mundo, refletindo renovadas preocupações com a crise global após a China reportar crescimento de 6,9% entre julho e setembro deste ano. Foi o pior desempenho trimestral desde primeiro quarto de 2009. Entre as dez principais divisas do globo, o dólar subia sobre oito —as exceções eram a libra e o iene.

Internamente, o mercado digere a entrevista do presidente do PT, Rui Falcão, à Folha, na qual defende a saída de Levy do cargo caso o ministro da Fazenda não concorde com mudanças que deveriam ser feitas na política econômica da presidente Dilma Rousseff.

Dilma discordou de Falcão e disse que Levy fica no cargo. A possibilidade de troca do ministro da Fazenda tem gerado especulações no mercado financeiro há meses, diante da dificuldade enfrentada pelo governo para aprovar medidas de ajuste fiscal, apesar da reforma ministerial anunciada pela presidente no início do mês.

Na última sexta-feira, por exemplo, o dólar comercial intensificou a alta sobre o real nos últimos minutos de negociações com rumores de que Levy pediria demissão à presidente Dilma em reunião que foi realizada naquela noite —o que não aconteceu.

O Banco Central deu continuidade nesta sessão aos seus leilões diários para estender os vencimentos de contratos de swaps cambiais que estão previstos para o próximo mês. A operação, que equivale a uma venda futura de dólares, movimentou US$ 512,10 milhões.

No mercado de juros futuros da BM&FBovespa, o contrato de DI para janeiro de 2016 caía de 14,314% para 14,300%, enquanto o DI para janeiro de 2021 aponta taxa de 15,860%, ante 15,760% na sessão anterior.

AÇÕES INSTÁVEIS

Na Bolsa, o Ibovespa avançava 0,24% às 12h05, para 47.351 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 1,5 bilhão. O índice mostrava instabilidade, acompanhando o clima misto nos principais mercados acionários internacionais: na Europa, operavam perto da estabilidade e, nos Estados Unidos, tinham ligeiro recuo.

As ações preferenciais da Vale, mais negociadas e sem direito a voto, caíam 2,28%, apesar de dados operacionais positivos terem sido divulgados mais cedo. A companhia teve recorde de produção de minério de ferro no terceiro trimestre deste ano. Os papéis ordinários da mineradora, com direito a voto, recuavam 2,11%, a R$ 18,03 cada um.

No sentido oposto, o avanço das ações de bancos ajudava a sustentar o desempenho do Ibovespa. Este é o setor com maior peso dentro do índice. O Itaú Unibanco ganhava 2%, enquanto o Bradesco subia 0,49% e o Banco do Brasil tinha alta de 3,86%.


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