Folha de S. Paulo


Negócios nacionalizam maquinário europeu de fabricação de cerveja

Em 1995, o empresário Edson Patrocínio (1952-2014) estava em viagem na Europa quando descobriu que havia equipamentos específicos para quem quer produzir cerveja em menor escala. E foi quando se espantou com o preço -US$ 300 mil à época.

Patrocínio viu aí uma oportunidade de negócio e decidiu reunir conhecimento e mão de obra para construir e vender o próprio maquinário.

Dois anos depois, surgiu a Mec Bier. Em 18 anos de mercado, a empresa vendeu para microcervejarias nacionais e de países como Angola e Venezuela, diz o gerente de vendas Marcelo Nicolosi, 47.

Os clientes incluem ainda consumidores da bebida em busca de um hobby.

"Não temos um cliente padrão. Já vendemos para médicos, dentistas, engenheiro, empresário e, logicamente, donos de bares, restaurantes e casas noturnas", afirma Nicolosi.

Ele não revela o faturamento, mas diz que a estimativa é crescer até 10% este ano e outros 10% em 2016.

O recente crescimento deste mercado atraiu novos empreendedores para o setor.

Foi o caso da fábrica de aparelhos de inox Emo Eletromecânica. Criada há 25 anos, a empresa produzia equipamentos para processar leite de soja e cosméticos.

Eduardo Anizelli/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 09-10-2015, 14h34: Retrato de Caio Fogaca, gerente de uma loja que vende equipamentos para fabricacao de cerveja feitos no Brasil. A pauta e sobre como produtores brasileiros estao entrando nesse mercado para substituir os equipamentos importados e bem caros. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, SUP-ESPECIAIS) ***EXCLUSIVO***
Caio Fogaça, gerente da loja de equipamentos cervejeiros Prazeres da Casa, em São Paulo

Há cerca de um ano, contudo, a demanda quase nula obrigou o proprietário, Hamilton de Oliveira, 54, a mergulhar no ramo cervejeiro.

"Hoje vendemos aqui no Rio Grande do Sul, em São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Foi a saída para a situação delicada que a indústria vive", diz Oliveira.

O contato com cervejeiros locais que voltavam de cursos em países da Europa, segundo ele, foi fundamental para a Emo aprimorar a tecnologia do maquinário.

"Muitos descreviam detalhes sobre os equipamentos. A gente redesenhava, desenvolvia e ia aprimorando o produto", explica Oliveira.

Também há um ano, o empreendedor Luis Felipe Tavares Ferro, 37, decidiu entrar no ramo com a Prazeres da Casa, loja de São Paulo que vende insumos e equipamentos para cervejeiros caseiros e microcervejarias.

A empresa já faturou cerca de R$ 600 mil, o dobro do investimento inicial.

"Nossa perspectiva para o segundo ano de operação é triplicar o faturamento", diz o empresário.

MERCADO ESPECÍFICO

Consultor de empresas do ramo pela Cervesia, Matthias Rembert Reinold, 53, ressalta que é necessário mais que adaptações para quem quer entrar nesse segmento, já que o material pode interferir no produto final.

"É preciso conhecimento técnico para assegurar que o maquinário vai manter as características da bebida e sua qualidade. Isso é reflexo do tipo de material usado", diz o consultor.

Por isso, Reinold recomenda que o empresário interessado nesse ramo busque conhecimento sobre todo o processo de produção da cerveja.


Endereço da página: