Folha de S. Paulo


Black Friday vira aposta de lojistas e fabricantes para 'salvar' o ano

Desde maio, dez executivos da Máquina de Vendas, que controla as varejistas Insinuante, Ricardo Eletro, Salfer, City Lar e Eletroshopping, reúnem-se todas as semanas para repassar a estratégia que será usada na Black Friday, o dia dedicado a promoções no comércio.

Os encontros seguirão sem cessar até 27 de novembro, data do evento. Neste dia, a empresa sabe que não poderá errar. As 24 horas da "sexta-feira negra" tornaram-se as mais importantes do ano para o comércio brasileiro.

"No Natal ou Dia das Mães, as compras têm uma diluição. Tanto no mundo físico quanto no comércio eletrônico não há mais data que se compare à Black Friday", diz Sandro Benelli, vice-presidente de varejo da Máquina de Vendas, o sétimo maior grupo varejista do país, que espera crescimento de 20% nas vendas on-line e empatar o desempenho nas vendas físicas este ano em relação à Black Friday de 2014.

A companhia está longe de ser a única a investir pesado —e com antecedência— na Black Friday.

A Cnova, que reúne as operações online de Casas Bahia, Ponto Frio e Extra, iniciou testes de seus sites em julho com promoções pontuais. O objetivo era se certificar de que as páginas aguentarão o volume de compras durante a Black Friday.

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"O site não pode cair. Temos de liberar o pedido e faturar rápido. Tem toda uma sequência de ações e tudo precisa funcionar bem e de forma ágil", diz José Nilson Ferreira, diretor comercial da Cnova.

A empresa já vem incrementando seu estoque de produtos desde o início do ano para garantir preços baixos. O planejamento envolve ainda a contratação de novos funcionários para televendas, reorganização dos centros de distribuição para facilitar a retirada dos de maior saída e o acerto com transportadoras extras.

A meta é reduzir o tempo de entrega para, em média 12 dias, - em 2014, foram 14 dias.

A Netshoes, maior varejista online de artigos esportivos do país, contratou no mês passado 55 pessoas para reforçar o time de atendimento durante a Black Friday. Em 2014, a empresa recebeu 150 pedidos por minuto durante o dia do evento, bem acima da média anual de 23 pedidos por minuto.

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EXPECTATIVA

A expectativa para o evento justifica-se pelo sucesso do ano passado, quando as varejistas on-line venderam em média dez vezes mais do que estavam acostumadas num dia normal.

As vendas chegaram a R$ 1,2 bilhão de reais, um crescimento de 40% frente ao ano anterior, de acordo com a E-bit. A expectativa é de nova alta neste ano, mesmo que menor.

As buscas pelas palavras "promoção, "desconto"e "preço" vêm crescendo desde fevereiro, de acordo com levantamento do Google.

Em agosto, houve 73% mais pesquisas desse tipo do que no mesmo mês de 2014. Segundo a empresa, as vendas on-line na Black Friday podem subir até 30% ante 2014.

A crise também impulsionou os investimentos pelas varejistas e as apostas na data para salvar o ano.

As vendas nas lojas físicas estão caindo e, na internet, crescem menos que o esperado. Até junho, as vendas on-line cresceram 16%, frente a uma expectativa inicial de 20%, de acordo com a E-bit/Buscapé, que monitora o comércio eletrônico.

"O terceiro trimestre foi ainda mais fraco, mas as sondagens de intenção de compra indicam que o segundo semestre será muito bom. As pessoas dizem que estão guardando dinheiro para a Black Friday", diz André Ricardo Dias, diretor executivo da E-bit.

PRODUÇÃO

Com o baque nas vendas ao longo do ano, as fabricantes também estão contando com a data para melhorar os resultados.

A Samsung afirma que desde maio está em contato com os lojistas para garantir que o volume de encomendas seja entregue em tempo hábil para distribuição.

"Neste ano, por conta do cenário macroeconômico, os consumidores estarão ainda mais atentos as ofertas e promoções. Daí, nosso interesse em conversar com nossos clientes já no primeiro semestre", afirma Erico Traldi, gerente da divisão de televisores da Samsung no Brasil.

A fabricante de computadores Dell está planejando ações especiais com varejistas e em seu site próprio. No ano passado, a Black Friday representou o maior volume de vendas num só dia desde o início da operação no país, em 1999.

A Whirpool, dona das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid, começou em julho a acertar as encomendas para a Black Friday e espera que as vendas de produtos de linha branca subam de 10% a 15% frente ao ano passado.


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