Folha de S. Paulo


Dólar cai ao menor valor em um mês com melhora externa; Bolsa dispara

O maior apetite ao risco dos investidores no exterior influenciava positivamente os mercados nesta quarta-feira (7), derrubando o dólar ao seu menor valor em um mês em relação ao real, enquanto o principal índice da Bolsa brasileira disparava 3% puxado por ações de produtores de matérias-primas.

Às 11h50 (de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha desvalorização de 1,40%, para R$ 3,792 na venda. É, por ora, o menor valor desde 3 de setembro, quando fechou em R$ 3,783. Já o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, cedia 1,14%, a R$ 3,797.

Entre as 24 principais moedas emergentes do mundo, o dólar tinha desvalorização sobre 16. O real era a sexta divisa que mais se valorizava sobre a moeda americana, atrás do ringgit da Malásia, da rúpia indonésia, do rublo russo, do peso colombiano e da lira turca.

No mercado de ações, o Ibovespa acompanhava a alta das Bolsas americanas e europeias e subia 2,53%, a 48.942 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 4 bilhões. Em Nova York, os índices acionários ganhavam entre 0,5% e 0,9%, enquanto na Europa os mercados tinham valorizações superiores a 1%.

"Os preços das commodities estão se recuperando no mercado internacional e isso puxa para cima as ações de grandes produtores de matérias-primas no mundo inteiro", disse Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora. "Esse bom humor externo é influenciado pela expectativa de subida dos juros nos EUA apenas em 2016, após recentes indicadores econômicos americanos terem vindo aquém do esperado."

Uma alta dos juros nos Estados Unidos estimula a fuga de investimentos de países emergentes como o Brasil, que voltariam à economia americana, considerada de baixíssimo risco. Por isso a perspectiva de que o aperto monetário nos EUA pode demorar mais a acontecer traz alívio aos mercados.

Paulo Whitaker/Reuters
Investidores olham painel de cotações das ações na Bolsa brasileira
Investidores olham painel de cotações das ações na Bolsa brasileira

As ações preferenciais (mais negociadas e sem direito a voto) de Petrobras e Vale guiavam o avanço do Ibovespa na sessão. Esses papéis subiam 6,10% e 6,30%, respectivamente, para R$ 8,69 e R$ 15,86. As ordinárias, com direito a voto, ganhavam 8,39% e 8,46%, para R$ 10,72 e R$ 19,86, nesta ordem.

Os bancos, setor com maior peso dentro do Ibovespa, também ajudavam a sustentar o avanço do índice. O Itaú tinha valorização de 2,39%, enquanto o Bradesco subia 2,90% e o Banco do Brasil mostrava alta de 5,86%.

Para Figueredo, os investidores no Brasil devem se manter de olho no cenário interno. "Há uma volatilidade muito intensa nas cotações e este movimento de melhora externa deve continuar beneficiando nossos mercados, a não ser que tenhamos alguma surpresa negativa no noticiário político. A Bolsa brasileira já sofreu muito e, neste cenário, pode estar pronta para ensaiar uma retomada", disse.

Nesta quarta-feira, o TCU (Tribunal de Contas da União) deve julgar as contas da gestão de Dilma Rousseff e há expectativa pela votação no Congresso Nacional dos vetos presidenciais a medidas que aumentariam os gastos públicos. Na véspera, não foi possível avaliar a chamada pauta-bomba por falta de quórum.

CÂMBIO E JUROS

O Banco Central deu continuidade nesta sessão aos seus leilões diários para estender os vencimentos de contratos de swaps cambiais que estão previstos para o próximo mês. A operação, que equivale a uma venda futura de dólares, movimentou 512 milhões.

O clima de menor aversão ao risco entre os investidores reduziu a pressão sobre o mercado de juros futuros nesta quarta-feira na BM&FBovespa. O contrato de DI para janeiro de 2016 cedia de 14,373% para 14,372%, enquanto o DI para janeiro de 2021 recuava para 15,150%, ante 15,200% na sessão anterior.


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