Folha de S. Paulo


Análise de perfil do investidor coíbe maus conselhos

Além de simplificar as aplicações em fundos, outra regulamentação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) pretende reduzir o risco de que os pequenos investidores sejam mal aconselhados na hora de escolher onde alocar suas economias.

Agora, os profissionais do mercado são obrigados a fazer a análise do perfil de quem tiver até R$ 1 milhão para aplicar.

Fundos de investimento

Os investidores qualificados (acima de R$ 1 milhão) e profissionais (cujas aplicações somam mais de R$ 10 milhões) estarão livres da exigência a partir de outubro.

"Como o processo de educação financeira no país não é tão difundido como em países desenvolvidos, muitas instituições –principalmente bancos– acabavam empurrando produtos desalinhados com o perfil do cliente para bater metas", diz o planejador financeiro André Pantoja Albo.

A análise ganha importância em momento turbulento do mercado financeiro, que testa até mesmo investidores que pensavam ter apetite por risco.

"Estamos passando por uma crise séria e os últimos meses foram ruins para o investidor, principalmente porque os brasileiros são mais conservadores", diz Eduardo Levy, gestor da Rio Bravo.

"O perfil das pessoas pode mudar ao longo do tempo, e a análise ajuda a identificar essas movimentações. Quando ficam mais velhas, tendem a ser mais conservadoras, pelo medo de perder o patrimônio conquistado", diz Albo.

MENTIRAS

A avaliação do perfil do investidor será feita a partir de questionário já distribuído pelas corretoras e instituições financeiras.

A lista inclui, além de perguntas sobre idade e prazo durante o qual pretende manter a aplicação, questões sobre o objetivo do investimento e o momento de vida pelo qual passa o cliente.

"O gestor vai precisar entender a necessidade de liquidez do cliente e qual o grau de experiência que ele tem com investimentos de renda fixa e variável antes de indicar um produto", afirma Albo.

De acordo com o resultado do questionário, o cliente ficará impedido de comprar qualquer investimento que não esteja de acordo com o seu perfil de investidor.

Alguém classificado como conservador, por exemplo, só poderá comprar ações caso refaça o questionário.

Pela regra da CVM, que regula o mercado de capitais do país, a análise terá que ser atualizada no máximo a cada 24 meses.

Para Albo, embora ajudem a organizar uma prática que já era rotineira para algumas instituições do mercado, as regras podem tirar flexibilidade do investidor.

"O risco que a gente corre é de tentar rotular um cliente. Cada investidor tem a sua particularidade. Não se pode cair no erro de tentar classificar cada cliente como conservador, moderado ou agressivo. O mercado fica engessado", diz.


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