A Caixa Econômica Federal anunciou nesta segunda-feira (21) uma nova rodada de aumento nas taxas de juros para a compra da casa própria. Foi o terceiro reajuste do ano –o último havia ocorrido em abril, quando o banco também reduziu o valor máximo do financiamento para imóveis usados.
As novas taxas vão passar a vigorar em 1º de outubro. A Caixa é a maior financiadora habitacional do país e suas mudanças de taxas costumam ser acompanhadas pelo mercado.
Procurados pela Folha, Bradesco, Santander, Itaú e Banco do Brasil não informaram se e quando subirão suas taxas de juros.
Para os financiamentos do SFH (Sistema Financeiro de Habitação), que têm como fonte os recursos da poupança e são voltados para imóveis de até R$ 750 mil, a taxa da Caixa aumentará de 9,45% ao ano para 9,90% ao ano, para clientes que ainda não tenham relacionamento com o banco estatal. Para quem é correntista da Caixa, os juros passarão de 9,30% ao ano para 9,80%.
Os servidores públicos que recebem seus salários pelo banco terão os juros elevados de 9% para 9,50% ao ano.
Também foram elevados os juros cobrados para o financiamento de imóveis acima de R$ 750 mil. Para quem não tem relacionamento com a Caixa, a taxa aumentou de 11% ao ano para 11,50%.
Para os que já são correntistas, a taxa passou de 10,70% para 11,20%.
Os juros para a compra de imóveis comerciais também foram elevados.
Em nota, o banco atribuiu o encarecimento do crédito à alta da taxa básica de juros e afirmou que os contratos do programa Minha Casa, Minha Vida, que recebem subsídio do Orçamento e do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), não sofrerão reajuste.
Desde meados de abril, quando a Caixa aumentou pela última vez suas taxas do crédito habitacional, a taxa Selic, fixada pelo Banco Central, passou de 12,75% ao ano para 14,25% ao ano.
POUPANÇA
O setor de habitação tem sofrido duplamente com a queda da renda dos brasileiros. De um lado, caiu a demanda por imóveis. Por outro, a menor disponibilidade de recursos nas famílias também tem impactado a oferta de crédito.
Pelas regras do SFH, 65% dos depósitos da poupança devem ser direcionados para o crédito habitacional, mas os depósitos nessas aplicações têm despencado este ano.
Até agosto, os saques na poupança superaram os depósitos em R$ 48,5 bilhões, reduzindo os recursos disponíveis para o crédito.
Em uma tentativa de minimizar o problema, o governo alterou em junho as regras dos depósitos compulsórios sobre a poupança para aumentar os recursos para o setor. O compulsório é a parcela do dinheiro depositado no banco que fica retida no Banco Central.
O governo também determinou que, para cumprir a exigência dos 65%, os recursos da poupança direcionados à habitação não podem ser aplicados em papéis emitidos para financiar grandes empreendimentos comerciais nem em aplicações como fundos imobiliários. Devem ser direcionados exclusivamente ao SFH.
O setor de construção civil, contudo, segue em dificuldades. Nos 12 meses até julho, o setor fechou 356 mil vagas formais de trabalho.