Folha de S. Paulo


Ações da Volks despencam 20% com escândalo sobre poluentes nos EUA

Eric Piermont/AFP
Volkswagen group Chairman of the Board Martin Winterkorn talks at the end of the Volkswagen Group Night show on October 1, 2-14 in Paris prior to the opening on October 2nd of the Paris Auto show 2014 Press days. AFP PHOTO/ ERIC PIERMONT ORG XMIT: EP1456
O presidente da Volks, Martin Winterkorn, que disse "lamentar" a a manipulação de dados de emissão

As ações da Volkswagen despencavam cerca de 20% nesta segunda-feira (21), sua maior queda histórica diária, conforme a montadora alemã era envolvida em turbulências por conta de acusações de autoridades norte-americanas de que teria falsificado informações sobre emissões de poluentes.

A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos disse na sexta-feira que a maior montadora europeia usou software para carros a diesel da VW e da marca Audi que enganou reguladores na medida de emissões tóxicas, podendo enfrentar até US$ 18 bilhões em penalidades. Na sexta-feira, a empresa foi obrigada a fazer um recall de quase 500 mil unidades.

Apesar das fortes quedas da Volkswagen, as Bolsas europeias tinham alta nesta segunda.

Cynthia Giles, uma agente da EPA (Agência de Proteção Ambiental dos EUA), disse na sexta-feira que os carros em questão "continham software que desativava controles de emissões ao dirigir normalmente e os ligava quando o carro estava passando por um teste de emissões".

O recurso, que a EPA chamou de "dispositivo manipulador", mascara as verdadeiras emissões apenas durante o teste.

Quando os carros estão na rua, eles emitem até 40 vezes o nível de poluentes permitidos pelas regras de ar limpo destinadas a garantir a proteção da saúde pública, disse Giles.

O escândalo emergiu quando a montadora esperava seguir em frente depois de uma batalha entre suas lideranças. Uma reunião do Conselho supervisor na sexta-feira deve discutir uma nova estrutura para a empresa e um alinhamento da administração.

Alguns analistas disseram que o presidente-executivo, Martin Winterkorn, deveria deixar o cargo. O executivo disse no domingo "lamentar profundamente" a quebra de regras norte-americanas e ordenou uma investigação externa.

"O desastre está além de todas as expectativas", disse Ferdinand Dudenhoeffer, diretor do Centro de Pesquisa Automotiva da Universidade de Duisburg-Essen.

Winterkorn, que recentemente enfrentou um desafio à sua autoridade com a saída do presidente do Conselho de Administração Ferdinand Piech, dirigiu a marca VW entre 2007 e 2015, incluindo o período de seis anos quando se descobriu que alguns de seus modelos violaram regras norte-americanas de limpeza do ar. Um porta-voz da VW não estava imediatamente disponível para comentar.


Endereço da página:

Links no texto: