Folha de S. Paulo


Preocupações com economia do país e cenário global elevam cotação do dólar

Narong Sangnak/Efe
Dólar ultrapassa R$ 3,90 com preocupações sobre controle das contas públicas brasileiras
Dólar ultrapassa R$ 3,90 com preocupações sobre controle das contas públicas brasileiras

Preocupações com a economia brasileira e o cenário global voltaram a pressionar a cotação do dólar nesta sexta-feira (18), se sobrepondo ao alívio trazido pela decisão do Federal Reserve (banco central americano), na véspera, de manter inalterada a taxa de juros nos Estados Unidos.

Às 11h30 (de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 0,72% sobre o real, para R$ 3,913 na venda. Já o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, avançava 0,79%, para R$ 3,914. A moeda atingiu mais cedo a máxima de R$ 3,92. Por ora, ambas as cotações estão no maior valor desde 2002.

Segundo operadores, a moeda americana tem refletido a percepção do mercado de que importantes medidas de ajuste fiscal propostas pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento) terão dificuldades para ser aprovadas no Congresso. Algumas, disseram, devem ser rejeitadas.

Além disso, os motivos que levaram o BC dos EUA a optar pela manutenção dos juros preocupa os investidores —ainda que a decisão seja vista como positiva. Para o Fed, a desaceleração econômica global, especialmente da China, deve continuar prejudicando os preços das commodities —e, assim, os países emergentes.

O desempenho de outras economias influencia na decisão do Fed pois pode prejudicar também o resultado norte-americano.

A aversão ao risco que eleva a procura por dólar também derruba o principal índice da Bolsa brasileira nesta sessão. O Ibovespa tinha baixa de 0,95% às 11h30, para 48.091 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 1,3 bilhão.

O movimento seguia o mau humor nos mercados internacionais, com as Bolsas americanas caindo em torno de 1%, ao passo que as europeias mostravam recuo de mais de 2%.

Os preços do petróleo no exterior tinham nova queda nesta sexta-feira, afetando as ações da Petrobras. A estatal via seu papel preferencial, mais negociado e sem direito a voto, cair 2,54%, para R$ 7,66. Já o ordinário, com direito a voto, cedia 2,90%, para R$ 9,01.

Também afeta os papéis da Petrobras a notícia de que a estatal propôs a seus empregados um reajuste salarial abaixo da inflação. Em reunião na quinta-feira, a empresa apresentou proposta de aumento de 5,73%, bem inferior aos 9,53% do IPCA acumulado em doze meses encerrados no fim de agosto.

Na contramão, a Vale operava no azul, amenizando a perda do Ibovespa. A ação preferencial da mineradora subia 0,57%, para R$ 15,72, enquanto a ordinária tinha valorização de 2,61%, para R$ 20.


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