Folha de S. Paulo


Editoras europeias se unem contra o domínio do Google

Alfred Jin - 19.jan.10/Reuters
ORG XMIT: WAS44 A cleaner sweeps near the logo of Google China outside the company's headquarters in Beijing in this January 19, 2010 file photo. As America and China grow more economically and financially intertwined, the two nations have also stepped up spying on each other. Today, most of that is done electronically, with computers rather than listening devices in chandeliers or human moles in tuxedos. And at the moment, many experts believe China may have gained the upper hand. In January 2010, Internet search giant Google announced it was the target of a sophisticated cyber-attack using malicious code dubbed
Mulher limpa logotipo do Google; editoras europeias se unem para recuperar publicidade da empresa

Grandes editoras e empresas de comunicação da Alemanha, da França e de outros países se reuniram recentemente com autoridades europeias para debater propostas de regulamentação da economia digital na Europa. Em quase todas as discussões, surgiu a reivindicação de limitar o alcance de uma única empresa americana, o Google.

Os europeus assumiram a liderança mundial na questão da regulamentação da internet e da contenção das empresas americanas de tecnologia. A velha mídia do continente -editoras influentes de jornais e revistas- tornou-se um dos adversários mais persistentes do Google.

O Google atrai receitas publicitárias que antigamente iam para as editoras, então o objetivo é encontrar formas de ganhar mais dinheiro fortalecendo regras de direitos autorais e limitando o poder do Google como plataforma publicitária.

As editoras, incluindo a alemã Axel Springer e a francesa Lagardère, sem dúvida têm muito a perder com o domínio do Google e de outras empresas americanas de tecnologia, já que elas procuram na internet uma forma de substituir os prejuízos dos seus veículos impressos.

As editoras inicialmente concentraram-se na investigação ora em curso na Europa a respeito do possível favorecimento do Google aos seus próprios serviços, em detrimento dos rivais. Agora, elas buscam outras maneiras de limitar ainda mais o alcance do Google, segundo executivos e lobistas do setor.

Essa iniciativa, por sua vez, acionou a poderosa máquina de lobby do Google, desencadeando um confronto em Bruxelas e em outras capitais, num momento em que a empresa tenta cooptar seus adversários da mídia tradicional e tirar impulso de concorrentes.

O Google e algumas outras empresas americanas de tecnologia já enfrentam uma forte resistência regulatória na Europa.

Apple, Amazon e Facebook enfrentam investigações tributárias, antitruste e sobre políticas de privacidade nos 28 países da União Europeia. Se ficar provado que o Google violou regras, a empresa poderá ser multada em bilhões de dólares.

Em resposta, o Google disse que seus produtos de busca não prejudicam a concorrência on-line.

Várias entidades setoriais se reuniram com Friedrich Wenzel Bulst, principal autoridade antitruste da UE, e com outros reguladores para pressionar por limites mais rigorosos no âmbito europeu à forma como o Google e outros podem usar o conteúdo on-line das editoras.

Muitas delas querem que essas regras sejam incluídas numa futura revisão geral das políticas de direitos autorais a ser promovida até o final do ano por Günther Oettinger, comissário (ministro) europeu de Economia e Sociedade Digitais, muito ligado ao setor editorial alemão.

Se as regras forem aprovadas, o Google poderá futuramente ser obrigado a pagar às empresas jornalísticas sempre que seus conteúdos forem mostrados nos sites agregadores do Google para a Europa.

Regras semelhantes para a proteção dos direitos autorais já foram aprovadas em vários países europeus, mas até agora tiveram efeitos negativos para as editoras. Na Alemanha, o Google removeu muitos veículos de comunicação locais do seu serviço de notícias, o que levou a uma drástica queda no tráfego on-line para os sites de alguns dos jornais. As editoras afinal concordaram em renunciar a qualquer possível cobrança.

"O argumento é bastante simples: as editoras querem o dinheiro do Google", disse o advogado alemão Till Kreutzer, que se opõe às novas propostas de direitos autorais.

Christoph Keese, vice-presidente executivo da Axel Springer, disse que o esforço das editoras não se destina simplesmente a proteger o "status quo".

"Trata-se de garantir condições equitativas de competição e de assegurar que as companhias internacionais respeitem as leis europeias."


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