Folha de S. Paulo


Após rebaixamento da nota, dólar chega a R$ 4,35 nas casas de câmbio

O rebaixamento da nota brasileira pela Standard & Poor's tem reflexo direto no câmbio nesta quinta-feira (10). Pior para quem precisa comprar dólar turismo, onde a cotação já atinge R$ 4,35 no cartão pré-pago de algumas casas de câmbio de São Paulo pesquisadas pela Folha.

Um dia após o anúncio da perda do selo de bom pagador pela agência americana, o governo tenta segurar a alta da divisa norte-americana. O Banco Central leiloou nesta quinta (10) US$ 1,5 bilhão de linhas de crédito para reduzir a volatilidade do mercado.

Mesmo com a tentativa, o dólar comercializado aos turistas, que engloba o valor da taxa de câmbio à vista, mais taxas e margem de lucro de corretoras, já era cerca de 3% mais caro na comparação com a semana passada.

Em espécie, o dólar variava entre R$ 4,05 e R$ 4,10, já com a incidência de 0,38% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), próximo das 11h desta quinta (10). Já no cartão pré-pago, onde a tributação é de 6,38%, a moeda norte-americana estava cotada entre R$ 4,25 e R$ 4,35.

Dólar em alta - Moeda norte-americana dispara após Brasil perder selo de bom pagador

EURO QUASE R$ 5

O euro também era comercializado em alta nesta quinta, chegando a R$ 4,88 no cartão pré-pago. Operadores de casas de câmbio consultadas pela Folha demonstravam preocupação com a alta nas moedas estrangeiras.

Em espécie, a moeda única da União Europeia variava entre R$ 4,55 e R$ 4,60, já com IOF, enquanto que no cartão pré-pago, o euro era cotado entre R$ 4,77 e R$ 4,88, às 11h desta quinta (10).

Com a desvalorização do real, a orientação dos especialistas para quem está com viagem marcada para breve é comprar dólar agora e garantir a viagem. Se a viagem for feita num prazo maior, o conselho é adquirir a moeda aos poucos, para conseguir um preço médio.

Cotação do Euro -

PESQUISA DE PREÇOS

Para conter a queda na procura pelo dólar, que já chega a 30% de acordo com casas de câmbio ouvidas pela Folha, as corretoras vêm apostando em uma combinação de descontos na cotação e serviços ao cliente.

Na tentativa de reanimar o mercado, a Cotação Corretora oferecia descontos de até 1% na cotação em compras feitas pela internet. Mas, com dificuldade de anunciar reduções agressivas, a estratégia da empresa se voltou para a melhoria de serviços.

"A taxa não é algo supervariável, então preferimos investir no serviço", afirma o diretor da corretora, Alexandre Fialho. "Quando damos a orientação certa, o cliente acaba por economizar mais do que com qualquer desconto que eu ofereça."

Ainda assim, o custo mais baixo continua sendo o fiel da balança para fechar negócio.

Para captar novos clientes, a TOV Corretora faz saldões pontuais com preços abaixo do mercado, além de garantir a comodidade da entrega.

"Dólar é dólar em qualquer lugar, por isso o preço é essencial. Você tem que tirar de dois a três centavos do 'spread' [margem] para começar a ser competitivo."

Segundo as corretoras, os descontos poderiam ser maiores, não fosse a grande variação na cotação do dólar no mercado de câmbio.

"Se eu fizer um feirão de promoção e o dólar variar muito no dia, toda a minha operação está comprometida, porque ele pode anular o desconto e eu tenho que manter o preço até o final. Isso faz com que as empresas pensem muito para aliviar os preços", afirma Jordão.

CONGELADO

A elevação nos custos do dólar também desacelerou o ritmo de procura por viagens internacionais. Para continuar vendendo, algumas operadoras de turismo decidiram congelar a cotação da moeda norte-americana.

Na sexta, quem comprasse um dos pacotes internacionais da CVC, a maior operadora brasileira, pagava R$ 3,33 pelo dólar -o valor varia, mas se mantém bem abaixo da cotação do mercado.

Outra que adota a estratégia é a MSC, especializada em cruzeiros. Desde agosto, uma promoção garante que os clientes que optarem por roteiros que incluam América do Sul, Caribe ou Europa paguem o valor calculado com o dólar a R$ 2,99.


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