Folha de S. Paulo


Crise faz 57% dos brasileiros mudarem hábitos de consumo

Mais da metade dos brasileiros (57%) alterou hábitos de consumo ou planejamento financeiro e outros 27% devem alterá-los como reação a crise econômica pela qual o Brasil está passando.

Entre as mudanças mais adotadas estão pesquisar mais antes de comprar, adiar a aquisição de bens mais caros, mudança dos locais onde faz compra e redução de despesas da casa.

Mudança de hábitos - Crise faz brasileiro segurar gastos

O resultado faz parte de uma pesquisa feita pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) com 2.002 entrevistados de todo o país para identificar como a crise econômica afeta a vida da população.

No levantamento, foram ouvidas 2.002 pessoas, em 141 municípios, entre os dias 18 e 21 de junho.

Na crise anterior, iniciada em 2008, o maior percentual dos que ajustaram seus gastos foi de 30% (março de 2009). Em dezembro de 2008 foi registrado o maior número dos que pretendiam fazer ajustes (27%).

Como considera que a inflação se comportou - Nos últimos 12 meses, em %

O consumo de 11 entre 13 tipos de bens e serviços apresentados para avaliação dos entrevistados se reduziu nos últimos 12 meses. Os itens que apresentam maior redução são atividades de lazer, restaurantes e carne vermelha.

O estudo mostra que 16% das pessoas mudaram de residência para reduzir custos e 13% trocaram os filhos de escola privada para escola pública nos últimos 12 meses.

O recuo nos gastos é uma reação da população ao sentir em seu cotidiano os efeitos da crise econômica, na avaliação de Renato da Fonseca. gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Na pesquisa, 59% dos entrevistados disseram ter perdido poder de compra nos últimos 12 meses.

"A queda no consumo é uma defesa. As pessoas estão sentindo o desemprego mais perto, vendo familiares próximos perdendo emprego. Também veem que os produtos ficaram mais caros enquanto têm dificuldade de pagar as contas."

Segundo Fonseca, produtos mais caros, como automóveis, foram os primeiros a serem alvo dos cortes de orçamento da população. Porém a redução dos gastos com itens básicos, como alimentos, indica a profundidade com que a crise vem sendo sentida.

As mulheres alteraram mais seus hábitos de consumo do que os homens. Enquanto 61% delas disseram ter mudado a rotina, 53% deles fizeram o mesmo.

Elas estão poupando mais do que eles. Com medo das dificuldades futuras, 78% das mulheres garantiram que estão economizando mais, contra 72% dos homens.

Itens que tiveram alto aumento de preços - Em %

EMPREGO

A crise também deixou 76% dos brasileiros preocupados ou muito preocupados com o risco de perder o emprego ou de ter que fechar empresa da qual é sócio nos próximos 12 meses.

Quanto menor a renda, maior o medo. Entre os que possuem renda familiar de até um salário mínimo, 67% estão muito preocupados. No outro extremo, entre os que possuem renda acima de cinco salários mínimos, o percentual cai para 54%.

Em setembro de 2012, 33% estavam muito preocupados com a perda do emprego, percentual que passou para 62% em junho deste ano.

Um total de 44% das pessoas disse que alguém da família ficou desempregado nos últimos 12 meses.

Além disso, quase metade da população (48%) buscou trabalho extra no último ano. Em setembro de 2013, o percentual era menor, de 25%. Os que possuem salários menores também são os que mais recorrem a um segundo trabalho para complementar a renda.


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