Folha de S. Paulo


Demanda mundial retraída impede aumento das exportações

Apesar do aumento na rentabilidade, a indústria ainda não conseguiu reverter a queda nos volumes exportados, o que provoca uma retração de 11,5% na receita com as vendas de produtos manufaturados ao exterior de janeiro a agosto deste ano.

Como o câmbio deixou de ser um problema, outros fatores explicam a dificuldade em aumentar os embarques. O principal deles é a redução da demanda mundial.

Segundo levantamento da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), com dados da Secex, as exportações brasileiras de produtos industrializados caíram para todos os blocos econômicos até agosto, com exceção do Nafta (América do Norte), graças à alta de 5,3% nas vendas aos EUA no período.

A receita com as exportações ao Mercosul caiu 10,8%. Para a União Europeia e África, as quedas foram de 19,7% e 13,4%, respectivamente.

"As economias dos importadores também sofrem com a queda no preço das commodities. Com exceção dos EUA, todos os mercados se retraíram", diz José Augusto de Castro, presidente da AEB.

As importações mundiais recuaram 9,3% em junho, em relação ao mesmo mês de 2014, de acordo com os dados mais recentes da Funcex.

"O aumento nos volumes depende de outros fatores além da taxa de câmbio, como a demanda mundial, que não está ajudando", afirma Daiane Santos, da Funcex.

O tempo necessário para renegociar contratos e reconquistar mercados também ajuda a explicar a demora na recuperação das exportações.

É o caso do setor de calçados, que já sentiu melhora na rentabilidade, mas espera elevar os volumes a partir de setembro. "Esperamos fechar novos contratos em duas importantes feiras internacionais que ocorrem no próximo mês", diz Heitor Klein, presidente da Abicalçados.

Castro, da AEB, cita a indústria calçadista como uma das mais favoráveis a aumentar as exportações, assim como a de móveis e de materiais de construção. Não por acaso, são setores já acostumados a exportar para os EUA, único mercado em expansão.

"Mas, como todo o mundo está de olho nos EUA, a competição será grande, inclusive com a Europa", diz. Ele lembra que a desvalorização do euro ante o dólar aumenta a competitividade dos produtos europeus nos EUA.


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