Folha de S. Paulo


Jornalista é detido na China por 'desestabilizar' Bolsas

O Ministério Chinês da Segurança Pública informou ter punido ao menos 197 pessoas nos últimos dias por terem "espalhado rumores" on-line. O anúncio não continha detalhes, mas é de se supor que os acusados foram detidos. A mídia estatal informou ter ocorrido uma série de confissões nesta segunda-feira.

Entre os acusados está Wang Xiaolu, repórter da respeitada revista de negócios "Caijing", que, segundo o jornal britânico "The Guardian", foi detido por publicar uma reportagem sobre o mercado financeiro em um momento sensível.

Ele leu em uma emissora estatal de alcance nacional uma confissão em que afirmava "eu não deveria ter buscado fazer tanto barulho somente pelo sensacionalismo", adicionando que suas ações teriam trazido "grande dano sobre o país e investidores".

Não foi possível verificar se Xiaolu foi forçado a realizar a confissão, ou se a fez espontaneamente.

A mídia estatal chinesa com frequência publica confissões de acusados detidos em casos de grande repercussão antes que eles sejam julgados, uma prática que observadores dizem que viola os direitos dos acusados a processos justos.

Os esforços em investigar e punir os suspeitos de "desestabilizar o mercado" —termo usado pelas autoridades—, foram anunciados como parte da estratégia da China para lidar com as fortes quedas no mercado de ações sem continuar fazendo uso de incentivos ao mercado de ações por meio de compras em grande escala.

Segundo o "The Guardian", Wang publicou no dia 20 de julho uma reportagem em que afirmava que o regulador chinês estudava a possibilidade de acabar com as intervenções com o objetivo de estabilizar o mercado acionário.

A reportagem veio em um momento sensível, em meio a fortes quedas no mercado acionário do país. A "Caijing" não pôde ser contatada até o momento.

A China busca, com a repressão a "manipuladores" impulsionar seus mercados acionários, que despencaram 40% desde meados de junho com preocupações sobre a desaceleração econômica do país e com uma inesperada desvalorização do yuan em agosto.

Uma autoridade do sistema regulador teria confessado o uso de informações privilegiadas, assim como quatro altos executivos da maior corretora da China, a CITIC Securities, informou a agência oficial de notícias Xinhua.


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