Folha de S. Paulo


China cancela compra de ações e quer punir 'especuladores'; Bolsa cai

O governo chinês decidiu abandonar os incentivos ao mercado de ações por meio de compras em grande escala. Os esforços deverão se concentrar, agora, em investigar e punir os suspeitos de "desestabilizar o mercado", de acordo com autoridades.

Nos últimos dois meses, um grupo nacional de fundos e instituições de investimento estatais gastou cerca de US$ 200 bilhões na tentativa de impulsionar o mercado, que caiu 37% desde seu pico em meados de junho.

A avaliação, no entanto, é que o resgate ao mercado de ações foi mal utilizado, permitindo que "informações demais se tornassem públicas", segundo autoridades do setor de regulação em uma reunião na quinta-feira (27).

O colapso das ações na semana passada, que gerou uma turbulência nos mercados globais, foi parcialmente atribuído à abstenção das autoridades em relação às compras, que vinham ocorrendo desde julho.

Depois de ficar à margem por mais de uma semana, o governo retomou, na quinta-feira, a compra de ações em grande escala na última hora do pregão, ajudando o índice de referência de Xangai a se recuperar de uma pequena perda e fechar o dia com alta de mais de 5%. O mercado subiu quase 5% também no dia seguinte.

Nesta segunda-feira (31), as ações caíam em torno de 2% no início da sessão.

Autoridades reguladoras financeiras avaliam que as últimas intervenções foram uma anomalia e que o governo vai se abster de futuras compras de ações em larga escala.

CRUZADA LANÇADA

As autoridades querem, agora, investigar e punir indivíduos e instituições que possam ter tirado vantagem do resgate para obter lucros.

Na semana passada, o regulador de valores mobiliários convocou funcionários de 19 corretoras, Bolsas e associações industriais controladas pelo estado e ordenou que intensificassem a supervisão dos mercados.

A autoridade reguladora informou que 22 casos de informação privilegiada, de manipulação de mercado e de "espalhar rumores de mercado" foram entregues à polícia.

Na terça-feira (25), depois de uma queda de 22% no mercado da China ao longo de quatro dias de negociação, 11 pessoas foram detidas sob suspeitas de atividades ilegais" de mercado, incluindo oito gestores do Citic Securities, um dos maiores bancos de investimento da China.

Em um sinal preocupante para os investidores globais com negócios na China, algumas autoridades chegaram a defender uma repressão às "forças estrangeiras", que dizem ter intencionalmente desestabilizado o mercado.

Tradução de MARIA PAULA AUTRAN


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