Folha de S. Paulo


Credores da MMX, de Eike Batista, aprovam recuperação judicial

Os credores da MMX Sudeste, principal braço da mineradora de Eike Batista, a MMX, aprovaram nesta sexta-feira (28) o plano de recuperação proposto pela empresa.

O plano prevê a liquidação dos ativos para saldar as dívidas da empresa.

As duas minas que compõem a unidade chamada de Serra Azul serão vendidas para a holandesa Trafigura.

A empresa, que se tornou sócia controladora do porto Sudeste, localizado em Itaguaí (RJ), ofereceu R$ 70 milhões para ficar com 51% do empreendimento.

Os 49% restantes serão dados aos credores. A Trafigura pagará ainda outros R$ 70 milhões em royalties, que serão apurados quando a produção de minério for retomada —as minas estão desativadas há meses.

Dois terminais de carga e terrenos que foram adquiridos pela MMX para a expansão de Serra Azul também serão vendidos com o objetivo de levantar recursos.

Mesmo assim, o dinheiro só deve ser suficiente para cobrir cerca de 30% da dívida, de mais de R$ 700 milhões.

O valor total que a MMX deve na praça ainda não é certo, pois há créditos que estão sendo questionados na Justiça.

Os credores terão, portanto, um desconto agressivo no valor a receber. Mas a dívida trabalhista e os valores devidos a micro e pequenas empresas serão pagos integralmente.

A mina de Bom Sucesso, comprada em 2008 por US$ 200 milhões, ficou de fora dos planos de venda. A avaliação é que atualmente não há valor no projeto, que está parado.

A MMX Sudeste pediu proteção à Justiça para escapar da falência em outubro do ano passado. Com a aprovação dos credores, ela entra oficialmente em recuperação judicial.

DESMONTE

O projeto de mineradora imaginado por Eike caminha lentamente para a extinção. Mesmo estando fora do processo, os demais empreendimentos da MMX também estão à venda.

A empresa busca repassar a subsidiária MMX Corumbá, dona de uma unidade de beneficiamento de minério e direitos de lavra no Mato Grosso do Sul, e a fatia de 35% que a companhia mantém no Porto Sudeste.

A unidade de Corumbá, na prática, já não faz parte da operação do grupo desde o ano passado, quando foi arrendada à Vetorial Siderurgia.

Pelo acordo firmado, a Vetorial tem opção de compra do empreendimento e, enquanto não decide se fica com ele, tem de pagar R$ 500 mil por ano para usá-lo.

Ricardo Moraes/Reuters
Brazilian billionaire Eike Batista (L), CEO of EBX Group, gestures to the audience during a ceremony in celebration of the start of oil production of OGX, his oil and gas company, at the Superport Industrial Complex of Acu in Sao Joao da Barra in Rio de Janeiro in this April 26, 2012 file photo. As Batista's EBX industrial empire crumbles, it increasingly resembles his most visible accomplishment, the Port of Acu. In other words, a pile of sand in the middle of a swamp. To build the $2 billion iron ore and oil terminal, shipyard and industrial park 300 kilometers (190 miles) north of Rio de Janeiro, the world's largest dredging ship cut through the beach and dug 13 kilometers (8 miles) of docks out of dune and marsh. To keep tenants dry, the sandy waste is being piled as much as 15 meters over the surrounding flood plain. Picture taken April 26, 2012. To match Analysis BRAZIL-BATISTA/ REUTERS/Ricardo Moraes/Files (BRAZIL - Tags: ENERGY BUSINESS) ORG XMIT: RJO89 ***FOTO EM ARTE E NÃO INDEXADA***
Eike Batista comemora início da produção da OGX, em 2012

PREJUÍZOS

Os planos de transformar a MMX numa das maiores mineradoras do mundo, como anunciado por Eike, já pareciam distantes quando o grupo do empresário entrou numa aguda crise financeira e de confiança a partir de 2013.

Com a derrocada em série de seus negócios, Eike precisou colocar à venda ativos e ficou sem dinheiro para tocar o empreendimento.

Ele ainda tem 57% da MMX. A chinesa Wisco tem 10% e sul-coreana SK Networks, 8,8%. Elas entraram na mineradora em 2009 e 2010 respectivamente.

As duas companhias estrangeiras desembolsaram juntas mais de US$ 1 bilhão para ficarem com um naco da empresa.

A MMX chegou a valer R$ 18,3 bilhões em junho de 2008. Com as ações cotadas a R$ 0,35, tem valor de mercado de apenas R$ 57 milhões.


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