Folha de S. Paulo


Bolsa tem leve perda com PIB e mau humor externo; dólar sobe

O encolhimento maior que o esperado da economia brasileira no segundo trimestre ajudou o principal índice da BM&FBovespa a registrar uma queda de até 1,63% na primeira hora de negociações nesta sexta-feira (28). O mau humor nas Bolsas externas e uma correção de altas recentes também motivaram a baixa, que foi amenizada no fim da manhã.

O PIB (Produto Interno Bruto), medida da produção de bens e serviços do país, registrou queda de 1,9% entre abril e junho, e de 2,6% na comparação com o mesmo período de 2014. O resultado confirmou que o Brasil está em recessão.

Economistas consultados pela agência Bloomberg previam recuo de 1,7% do PIB no segundo trimestre ante os três primeiros meses do ano. Sobre um ano antes, a expectativa média apontava queda de 2,6%.

Às 11h20 (de Brasília), o Ibovespa registrava leve desvalorização de 0,04%, para 47.695 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 1,3 bilhão. O índice subiu nos últimos três pregões, acumulando avanço de 7,62% no período.

No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha alta de 0,36%, para R$ 3,557 na venda. Já o dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, avançava 0,16%, a R$ 3,558.

"Apesar de a retração da economia ser o principal indicador no radar do mercado nesta manhã, também colabora para o clima de aversão ao risco a queda nas Bolsas internacionais, motivadas pela cautela em relação ao desaquecimento de indicadores chineses e pela incerteza em relação ao momento de alta dos juros nos Estados Unidos", disse Roberto Indech, analista da corretora Rico.

Em Nova York, os índices Dow Jones, Standard & Poor's 500 e Nasdaq operavam com baixas superiores a 3% às 11h22 (de Brasília), enquanto na Europa as Bolsas tinham recuo maior que 0,3%, com exceção do mercado londrino, que subia 0,14%.

Para Indech, a instabilidade nos mercados deve continuar no médio prazo. "A crise política no Brasil e fatores externos geram preocupações entre os investidores. Além disso, estamos no fim do mês, período em que os fundos costumam readequar suas carteiras, o que motiva volatilidade adicional", afirmou.

AÇÕES

As altas das ações preferenciais (sem direito a voto) de Petrobras e Vale ajudavam a amenizar a perda do Ibovespa às 11h22. A petroleira via seu papel subir 3,82%, a R$ 9,23, enquanto a mineradora registrava ganho de 3,57%, a R$ 14,21.

No setor bancário, segmento com maior peso dentro do Ibovespa, o desempenho era misto. Enquanto as ações preferenciais do Bradesco subiam 0,64%, os papéis do Itaú recuavam 0,14%. Já o Banco do Brasil tinha desvalorização de 0,42%.

A ponta negativa do índice era composta por ações do setor de consumo e varejo, como JBS (-2,49%), Natura (-2,52%) e Lojas Americanas (-2,26%). Um dos propulsores da economia nos últimos anos, o consumo das famílias teve queda de 2,1% no segundo trimestre deste ano, frente aos três meses anteriores, afetado pela menor renda, inflação elevada e oferta de crédito mais restrito.


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