Folha de S. Paulo


Dólar recua com mercado de olho em juro americano; Bolsa tem nova alta

A expectativa de que o Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) possa demorar um pouco mais para começar a subir a taxa de juros americana traz alívio ao mercado de câmbio nesta quinta-feira (27), e derruba o dólar depois de a moeda ter ultrapassado os R$ 3,60 mais cedo nesta semana.

Às 11h (de Brasília), a cotação do dólar à vista, referência no mercado financeiro, era de R$ 3,569 na venda –uma queda de 1,95%. No mesmo horário, o dólar comercial, utilizado no comércio exterior, recuava 0,86%, também para R$ 3,569.

Segundo operadores, o mercado segue refletindo positivamente a declaração do presidente do Fed de Nova York, William Dudley, na véspera, de que o início do aperto monetário americano no mês que vem passou a ser "menos convincente" do que há algumas semanas.

A notícia ofuscou a revisão para cima da segunda estimativa do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA para um crescimento de 3,7% no segundo trimestre do ano, em vez dos 2,3% anteriormente previstos. Em tese, o fortalecimento econômico daquele país abriria espaço para o início do ciclo de aperto monetário.

A manutenção do juro americano em seu atual patamar –entre zero e 0,25% ao ano– mantém a atratividade dos ativos em mercados emergentes como o Brasil, que pagam altas taxas de retorno para compensar o risco mais elevado.

Um aperto monetário nos EUA, dizem operadores, deve incentivar o retorno de recursos à economia americana, pressionando a cotação do dólar sobre as moedas emergentes.

Internamente, ajudava a aliviar a pressão sobre a taxa de câmbio a concessão de mais 15 dias para o governo federal explicar pontos adicionais sobre as contas de 2014 pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Operadores citavam ainda o posicionamento mais ameno da agência de classificação de risco sobre o Brasil, sugerindo que o país não deverá perder o grau de investimento (selo de bom pagador).

MATÉRIAS-PRIMAS

No mercado de ações, os papéis de grandes produtores de matérias-primas tinham alta pelo segundo dia nesta quinta-feira, impulsionando o principal índice da Bolsa brasileira. Às 11h, o Ibovespa subia 1,88%, para 46.902 pontos.

A siderúrgica Gerdau avançava 7,80%, para R$ 5,25. O ganho impulsionava os papéis de sua controladora, a Metalúrgica Gerdau, que subia 7,60%. A CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e a ação preferencial, mais negociada e sem direito a voto, da Usiminas mostravam valorizações de 5,26% e 3,46%, nesta ordem.

Outras duas grandes produtoras de matérias-primas operavam no azul: as ações preferenciais de Petrobras e Vale avançavam 3,45% e 4,20%, respectivamente, para R$ 8,39 e R$ 13,16, às 11h.

O avanço do Ibovespa seguia a alta dos principais mercados internacionais. Nos EUA, as Bolsas de Nova York subiam mais de 1%, enquanto na Europa os ganhos eram superiores a 2%. Na Ásia, os mercados também tiveram um dia positivo.

Os investidores seguem de olho no cenário político nacional. As atenções se voltam à possibilidade de recriar a CPMF, o chamado "imposto do cheque". A medida foi incluída na proposta orçamentária, que aguarda aprovação da presidente Dilma Rousseff. O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Andrade, disse à Folha ser "absurdo" ressuscitar a taxa.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou na véspera, em entrevista à GloboNews, que o governo pode recorrer à elevação de impostos para conseguir fechar suas contas.

As ações de bancos continuam nesta quinta-feira a refletir positivamente a aprovação pela comissão do Congresso, na última sessão, da alíquota menor de tributo que incide sobre o lucro das instituições financeiras.

Às 11h, o Banco do Brasil subia 2,96%, enquanto o Itaú registrava valorização de 3,06% e o papel preferencial do Bradesco mostrava alta de 2,32%. Já o Santander Brasil tinha ganho um pouco mais modesto, de 1,55%.


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