Folha de S. Paulo


Comerciantes resistem a realizar investimentos e contratar funcionários

Felipe Souza/Folhapress
Lojistas abaixam as portas no Conjunto Nacional durante a passagem do protesto
Lojistas do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista

A intenção dos comerciantes de ampliar seus negócios, seja com investimentos na expansão de lojas, seja com a contratação de funcionários, nunca esteve tão baixa, segundo o IEC (Índice de Expansão do Comércio), novo indicador da FecomercioSP.

Divulgado pela primeira vez nesta terça-feira (25), o índice atingiu 67,2 pontos em agosto, seu menor patamar desde o início da série histórica, em março de 2011.

Trata-se do nono recuo mensal consecutivo e o pior deles, com queda de 9,1% em relação a julho. Quando a comparação é feita com agosto do ano passado, a redução é mais profunda, de 33,7%.

EXPANSÃO DE EMPRESAS EM QUEDA - Índice atinge menor patamar desde 2011

O índice segue caindo em ritmo muito forte e, embora esteja em níveis tão baixos, não há perspectiva de que se inicie um processo de recuperação no curto prazo, segundo Vitor França, assessor econômico da FecomercioSP.

"Quando o indicador está próximo do ponto mais baixo, as quedas começam a ficar mais suaves. Mas não é o que está ocorrendo. Ou seja, ainda não chegamos ao fundo do poço", diz França.

O que hoje leva os empresários a rever as estratégias de investimento são fatores como redução do acesso ao financiamento, quedas de vendas e alta de juros e dos custos, como o de energia.

O IEC é apurado pela entidade com 600 empresários do comércio na região metropolitana de São Paulo. O indicador vai de zero a 200 pontos, sendo menor a propensão de investir ou contratar mão de obra quanto mais próximo de zero estiver.

"O indicador reflete ajuste por parte das empresas e aponta tendência de manutenção no ritmo de demissões no comércio. Não há motivação para expandir os negócios. O momento é de cautela", afirma França.

Conforme a entidade, neste mês, 76,5% dos entrevistados disseram que estão investindo menos do que em agosto de 2014 e 68,6% deles responderam que pretendem reduzir o quadro de funcionários nos próximos meses.


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