Folha de S. Paulo


Petróleo nos EUA é cotado abaixo de US$ 40 com China e excesso de oferta

Os preços do petróleo nos Estados Unidos chegaram a cair nesta sexta-feira (21) abaixo de US$ 40 o barril e o Brent recuou para uma mínima desde 2009, com uma forte queda na atividade industrial da China elevando as preocupações sobre a saúde econômica da nação que mais consome energia no mundo.

Dados apontando um aumento da produção de duas sondas de petróleo nos EUA —a quinta alta semanal consecutiva— e um recorde da produção na Arábia Saudita também pressionaram os preços.

Às 14h01 (horário de Brasília), o petróleo nos Estados Unidos caiu para US$ 39,86, o menor nível desde março de 2009. O preço encerrou o dia a US$ 40,45. Desde o pico do dia 10 de junho deste ano, as perdas são de cerca de 34%.

Preço do petróleo - Em US$

O petróleo nos EUA caminha encerrou a oitava semana consecutiva de perdas nesta sexta-feira, maior sequência de baixa desde 1986.

Também às 14h01, o Brent recuava quase 3%, para US$ 45,25, o menor preço desde o início de março de 2009 e uma queda de cerca de 33% na comparação com o pico atingido no dia 6 de maio deste ano. No encerramento, ficou em US$ 45,46, com queda de 2,5%.

A desaceleração na atividade no setor industrial da China afeta a demanda pela commodity. A atividade no setor industrial do gigante asiático recuou em agosto no maior ritmo em quase seis anos e meio, afetado pela fraqueza na demanda doméstica e por exportações, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) preliminar do Caixin/Markit.

Os indicadores decepcionantes da economia chinesa, somados à recente insegurança causada pela inesperada desvalorização do yuan também contribuíram para que a Bolsa de Xangai caísse 11,5% na semana.

OPEP NÃO PLANEJA DIMINUIR PRODUÇÃO

Liderados pela Arábia Saudita, membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) no Golfo Pérsico deram uma guinada na estratégia do grupo no ano passado, permitindo uma queda nos preços do petróleo para desencorajar o crescimento de oferta de concorrentes.

A Arábia Saudita ampliou sua produção para o recorde de 430 mil barris por dia em junho, reafirmando a estratégia.

Agora, no entanto, alguns desses atores estão preocupados com o nível recente da queda, que não era esperado, disseram delegados da Opep. Apesar disso, há poucas chances de o grupo mudar a estratégia de defender sua fatia de mercado.

Membros vindos do Golfo que pediram à agência de notícias Reuters para não ser identificados, afirmaram que a China ainda está comprando e estocando petróleo e que esperam que uma recuperação da demanda global possa impulsionar as cotações para perto de US$ 60 por barril no próximo ano.

"Há uma preocupação com a saúde da economia chinesa, mas, como os números têm mostrado, a necessidade de importação de petróleo está aumentando", disse um delegado de um país do Golfo membro da Opep.

"Os preços do petróleo continuarão voláteis (...) mas eles vão se recuperar", disse o delegado, acrescentando que ele não espera que o grupo adote nenhuma medida agora "devido à incerteza" no mercado.


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