Folha de S. Paulo


Banco Central chinês desvaloriza o yuan pelo terceiro dia seguido

Kim Kyung-Hoon - 6.jul.2015/Reuters
Um homem em frente a painel de corretora em Pequim
Um homem em frente a painel de corretora em Pequim

O Banco Popular da China voltou a desvalorizar nesta quinta-feira (13), pela terceira vez consecutiva, a taxa de câmbio de referência da moeda chinesa e a estabeleceu em 6,401 yuans por dólar, 1,11% a menos que na quarta.

Esta redução no valor da divisa chinesa fixada a cada dia pelo Banco Central se soma às desvalorizações de 1,62% de quarta e de 1,86% de terça, e inscreve-se dentro da reforma do sistema cambial adotado pela segunda maior economia mundial esta semana.

Segundo o Banco Central chinês, não há, no entanto, motivo para o yuan cair mais, afirmando que o ambiente econômico, superávit comercial sustentado, posição fiscal sólida e grandes reservas internacionais fornecem "forte suporte" à taxa de câmbio.

Fontes afirmaram, porém, que vozes poderosas dentro do governo estão pressionando para que o yuan recue ainda mais, sugerindo pressão por uma desvalorização de quase 10%.

O yuan é controlado pelo governo chinês, que fixa diariamente sua taxa de câmbio de referência (chamada paridade central) e autoriza que no mercado ocorram oscilações em seu valor de até um máximo de 2% (em alta ou em baixa).

Com o novo mecanismo de estabelecimento da taxa de câmbio, o banco central fixa a paridade central do yuan em função de sua evolução no mercado de divisas.

A publicação na quarta-feira de indicadores que mostraram um arrefecimento econômico do gigante asiático empurrou para baixo a cotação da divisa chinesa, razão pela qual hoje o regulador decidiu diminuir de novo a taxa de câmbio do yuan.

Ao contrário do que ocorreu nos dois dias anteriores, o Banco Central não publicou nenhum comunicado para explicar o rebaixamento da taxa de câmbio referencial, mas já havia antecipado ontem, após a segunda desvalorização, que poderia haver "oscilações significativas" no valor da divisa em curto prazo.

As desvalorizações do yuan dos últimos dois dias sacudiram os mercados financeiros mundiais.

As bolsas europeias caíram cerca de 3% na quarta-feira após a segunda desvalorização da moeda chinesa e também provocaram abundantes perdas nos pregões asiáticos, embora Wall Street tenha se salvado na reta final das operações.

O banco central chinês justificou sua reforma no sistema cambial alegando que a paridade central da moeda havia se "desviado" nos últimos meses das expectativas do mercado, admitindo uma possível supervalorização de sua divisa que estava prejudicando a economia local.

Além disso, o emissor defendeu que o novo mecanismo responde mais às variações da oferta e demanda no mercado que o anterior, o que representaria também um passo rumo à liberalização da segunda economia mundial.

Uma variação mais próxima ao mercado também seria uma forma de obter apoio do FMI para que a moeda alcance o cobiçado status de moeda de reserva, se unindo a dólar, euro, iene e libra esterlina nesse papel.

No entanto, alguns analistas consideram que o governo chinês está tentando desvalorizar o yuan para tornar suas exportações mais competitivas, após a divulgação no fim de semana passado de que as vendas ao exterior do gigante asiático caíram 8,3% em julho.


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