Folha de S. Paulo


Bolsa brasileira acompanha bom humor no exterior e sobe; dólar cai

A Bolsa brasileira sobe nesta segunda-feira (10) impulsionada pela expectativa de uma nova rodada de estímulos econômicos na China, após dados de balança comercial do país decepcionarem.

No mercado cambial, o dólar cai pelo segundo dia seguido. Declarações de um vice-presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano) sobre inflação e emprego foram interpretadas como um indício de que a taxa de juros nos Estados Unidos só deve ser elevada após a reunião de setembro do comitê de política monetária, contrariando a expectativa de um aumento no encontro do próximo mês.

Às 15h04, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha queda de 1,52%, para R$ 3,459. No horário, o dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, caía 1,36%, para R$ 3,462.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, avançava 1,63%, para 49.367 pontos, às 15h05.

Na China, as exportações registraram queda anual de 8,3% em julho, comparado com um ganho de 2,8% em junho. Foi a maior redução em quatro meses. Já as importações caíram 8,1%, o nono mês consecutivo de baixa.

O superavit comercial da China foi de US$ 43,03 bilhões em julho, abaixo do saldo positivo de US$ 47 bilhões em junho. O dado ficou abaixo da expectativa de economistas, que estimavam superavit de US$ 52,9 bilhões no período.

"Há uma expectativa de que o governo chinês lance uma nova rodada de incentivos para tentar melhorar a economia do país", diz Eduardo Velho, economista-chefe da Invx Global Partners.

A possibilidade de um acordo sobre um novo resgate à Grécia também anima o mercado. Um acordo de até ¬ 86 bilhões (US$ 94,22 bilhões) em novos empréstimos ao país endividado precisa ser firmado até 20 de agosto, quando a Grécia precisa fazer o pagamento ao BCE (Banco Central Europeu).

EUA

Declarações do vice-presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Stanley Fischer, aliviam o dólar nesta segunda. Segundo ele a inflação nos Estados Unidos está "muito baixa", mas apenas temporariamente. Além disso, ressaltou, a economia americana já estaria perto de alcançar o pleno emprego.

"Grande parte da inflação atual é temporária", disse Fischer à Bloomberg TV. "Tem a ver com a queda no preço do petróleo. Tem a ver com o declínio nos preços de matérias-primas. Estas são coisas que vão se estabilizar em algum momento", acrescentou.

Segundo Eduardo Velho, da Invx, o mercado interpretou as declarações como indício de que o Fed ainda não estaria disposto a elevar os juros nos EUA em setembro.

O aumento dos juros nos EUA deixaria os títulos do Tesouro americano -cuja remuneração acompanha essa taxa e que são considerados de baixíssimo risco- mais atraentes do que aplicações em emergentes, como o Brasil, provocando uma saída de recursos dessas economias. Com a menor oferta de dólares, a cotação do dólar seria pressionada para cima.

AÇÕES

Os papéis da Vale e da Petrobras ajudam a sustentar a alta da Bolsa nesta segunda-feira, em meio a uma trégua nas tensões políticas no país. Às 15h05, as ações mais negociadas da mineradora Vale registravam alta de 3,42%, para R$ 15,42, enquanto os papéis ordinários subiam 5,37%, para R$ 19,41, no mesmo horário.

Às 15h06, as ações mais negociadas da Petrobras subiam 2,57%, para R$ 9,94, após caírem 6,1% na sexta-feira. No horário, os papéis com direito a voto tinham avanço de 3,95%, para R$ 11,03, depois de desabarem 7,42%.

Apesar da calmaria, o viés da Bolsa ainda é de baixa ao longo da semana, afirma Velho. "Alguns fatores domésticos podem ter influência negativa, como novas derrotas do governo o Congresso e também as manifestações neste domingo contra a presidente Dilma Rousseff", ressalta.

A presidente pretende se reunir nesta semana com movimentos de esquerda para tentar mostrar respaldo social em uma ofensiva contra as manifestações marcadas para o dia 16 de agosto.

Para o governo, é importante sinalizar que Dilma não está isolada, apesar do recrudescimento da crise política.


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