Folha de S. Paulo


Bradesco e HSBC dizem a sindicatos que não farão demissões em massa

Alastair Grant/Associated Press
Fachada de edifício do HSBC, em Londres; Operação brasileira do banco foi comprada pelo Bradesco
Fachada de edifício do HSBC, em Londres; Operação brasileira do banco foi comprada pelo Bradesco

Entidades que representam trabalhadores do setor bancário afirmaram nesta terça-feira (4) que dirigentes do Bradesco e do HSBC Brasil garantiram que não haverá demissões em massa após a compra das operações brasileiras do banco britânico pelo segundo maior banco privado do Brasil, anunciada no domingo (2).

"Os dois bancos afirmam que não haverá demissão em massa (...) Até que saia a aprovação da venda, que pode durar seis meses, a gestão será do HSBC e o compromisso dos dois bancos é de manter a transparência com os sindicatos e os trabalhadores", disse a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, Juvandia Moreira, em comunicado à imprensa.

REAÇÃO DO MERCADO

Os analistas do mercado financeiro consideraram muito alto o valor de US$ 5,186 bilhões (R$ 17,9 bilhões) que o Bradesco aceitou pagar. Foi a maior aquisição já feita pelo banco desde a fundação, em 1943.

A expectativa era que a compra ficasse em menos de US$ 4 bilhões (R$ 13,8 bilhões), o correspondente a 1,2 vez o valor patrimonial (soma de todos os bens e valores) de R$ 11,2 bilhões. No entanto, esse múltiplo chegou a 1,6 vez, lembrando as transações acima de 2 vezes como a compra do Banco Real pelo Santander, em 2008.

As ações preferenciais (sem voto) do Bradesco tiveram baixa de 3,12% no dia seguinte à divulgação do negócio e ficaram entre as maiores baixas da Bolsa de Valores de São Paulo.

Para justificar o valor, os executivos do banco argumentaram que há uma grande complementaridade geográfica e de renda entre as agências e clientes. Afirmou ainda que espera, em um prazo de até três anos, que o HSBC passe a ter o mesmo patamar de lucro e a mesma rentabilidade do Bradesco.

A compra por US$ 5,186 bilhões (R$ 17,6 bilhões) diminuiu a diferença do Bradesco para o Itaú, maior banco privado do país. O valor da operação ficou acima do previsto pelo mercado. Analistas esperavam que o banco fosse comprado por R$ 10 bilhões a R$ 12 bilhões.

Número de agências

Depósitos totais

CLIENTES

A integração entre os bancos só começará após a aprovação dos reguladores. Mas mesmo após esse procedimento, segundo o Procon-SP, não poderá ocorrer mudança de serviço ou de custo em prejuízo do cliente. Além disso, o Bradesco já se comprometeu a oferecer os mesmos produtos e serviços aos clientes vindos do HSBC.

Quanto às facilidades no exterior oferecidas pelo HSBC, também há um compromisso por parte do Bradesco de, por meio de sua rede de parceiros internacionais, continuar oferecendo os mesmos serviços ao cliente. Também não está descartada a possibilidade de o HSBC ainda realizar esse serviço fora do país.

No caso dos clientes do Bradesco, o banco ainda estuda estender os produtos e serviços do HSBC aos seus demais clientes. O Procon-SP, no entanto, alerta que o banco não tem essa obrigação estabelecida em contrato.

Também não há definição sobre a possibilidade de agências do HSBC próximas a outras do Bradesco fecharem. No caso da fusão entre Itaú e Unibanco, por exemplo, a maioria das agências nessa situação foram preservadas porque não havia capacidade de uma agência receber mais clientes.


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