Folha de S. Paulo


ANÁLISE

Preço da compra do HSBC pelo Bradesco não foi exagerado

Alastair Grant/Associated Press
Fachada de edifício do HSBC, em Londres; Operação brasileira do banco foi comprada pelo Bradesco
Fachada de edifício do HSBC, em Londres; Operação brasileira do banco foi comprada pelo Bradesco

O Bradesco finalmente anunciou a compra do HSBC por US$ 5,2 bilhões (R$ 17,6 bilhões), acirrando a disputa pela liderança entre os bancos e fortalecendo o sistema bancário brasileiro.

Na aquisição foram incluídos, além do negócio de varejo, os segmentos de alta renda, com 1 milhão de clientes, e de atacado, grande atrativo do HSBC. O Bradesco ambém ficou com a operação da financeira Losango, que tem mais de 6.000 pontos de atendimento no país e aproximadamente 4 milhões de clientes, e as áreas de previdência, seguros e capitalização do HSBC.

Com os R$ 170 bilhões em ativos do HSBC, o Bradesco totaliza R$ 1,202 trilhão e encosta no Itaú, maior banco privado do país com R$ 1,294 trilhão em ativos, fazendo cair essa diferença para 7,1%. Antes da fusão do Itaú com o Unibanco, o Bradesco liderava em ativos totais com uma margem de 5,9% e, após a fusão, ficou 18,2% abaixo.

O valor pago de R$ 17,6 bilhões representa um múltiplo de 1,6 em relação ao patrimônio líquido de R$ 11,2 bilhões do HSBC, o que fica em linha com as últimas aquisições ocorridas, como pode ser visto na tabela.

Últimas aquisições no sistema bancário brasileiro
Ano Empresa Comprador Em R$ bilhões Preço x Patrimônio líquido (múltiplo)
2000 Banespa Santander 7,05 1,47
2000 Banestado Itaú 1,63 3,43
2001 BEG Itaú 0,67 3,33
2002 BBA Itaú 3,3 2,09
2002 FINASA Bradesco 1,37 1,49
2003 BBVA Bradesco 2,63 1,04
2006 BankBoston Itaú 4,5 2,26
2006 BEC Bradesco 0,7 1,71
2007 BMC0 Bradesco 0,8 2,81
2010 Bco Patagônia* Banco do Brasil 0,84 2,07
2012 Redecard* Itaú 11,3 14,09

A aquisição do HSBC, sétimo maior banco no Brasil, pelo Bradesco, segundo maior banco privado brasileiro, não representa concentração. A concentração já existe no sistema bancário nacional e, nesse ponto, o HSBC não faz diferença, porque não conseguia crescer organicamente e estava perdendo participação de mercado.

Após essa aquisição não existem outros ativos relevantes disponíveis, e a compra do HSBC pelo Bradesco fará com que a competição entre as duas maiores instituições do País se acirre e aconteça de forma orgânica. Quem tiver a melhor estratégia, vai ter a liderança de mercado.


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