Folha de S. Paulo


Para trabalhadores de finanças, aumento da Selic aprofunda crise

Fernando Frazão - 24.jul.2012/Folhapress
Poupança perde para fundos com Selic a 14,25% ao ano
Poupança perde para fundos com Selic a 14,25% ao ano

A Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro [Contraf, filiada à CUT] criticou a elevação da taxa básica de juros anunciada pelo Copom na noite desta quarta-feira (29). É a quarta alta consecutiva em 2015.

Para Roberto von der Osten, presidente da Contraf, o governo Dilma "parece não ter entendido os protestos das centrais sindicais, notadamente os da CUT, que têm apontado que a prática de uma taxa de juros tão elevada está na contramão do desenvolvimento, da retomada do crescimento e da continuidade do processo de inclusão iniciado no governo Lula".

Taxa básica de juros (Selic)

Segundo Osten, o aumento da Selic beneficia rentistas e bancos e aprofunda a crise econômica: "Mais recursos da sociedade serão transferidos para os rentistas, principalmente [para ]os bancos. Mais crédito será negado à sociedade e mais recursos serão desviados para títulos e valores mobiliários", diz ele. "O único efeito do aumento da Selic é engordar os já altíssimos lucros dos bancos. Para a sociedade sobra o encarecimento do crédito, o desemprego, a redução dos gastos sociais e o corte de direitos trabalhistas", afirma Osten.

Para o economista do Dieese, José Álvaro Cardoso, 90% dos recursos dispensados para o pagamento da dívida pública vão para o sistema financeiro, bancos nacionais e estrangeiros, investidores estrangeiros, seguradoras, fundos de investimento e fundos de pensão.

"Apenas no primeiro trimestre de 2015, enquanto o governo poupava R$ 18 bilhões retirando direitos trabalhistas e previdenciários para aumentar o superavit primário, os gastos com juros bateram nos R$ 85 bilhões. Mesmo assim, a dívida pública bruta aumentou em R$ 227,8 bilhões apenas nos primeiros três meses do ano", diz Cardoso.

Infográfico Juros em alta - Crédito: Editoria de Arte/Folhapress

Segundo o economista, mesmo com o ajuste fiscal, o rombo nas contas públicas em 2015 alcançará 6,4% do PIB. "E não são os salários do funcionalismo público federal ou os gastos com os programas sociais que levarão a esse resultado, e sim os gastos com a dívida pública, turbinados pelos seguidos aumentos da taxa básica de juros", finaliza.


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