Folha de S. Paulo


Petrobras garante rentabilidade de até 45% para fundo de ações

Davi Ribeiro/Folhapress
Aquiles Mosca, superintendente da gestora do Santander
Aquiles Mosca, superintendente da gestora do Santander

A recuperação das ações da Petrobras com a expectativa da divulgação das demonstrações financeiras em atraso impulsionou o ganho dos três primeiros colocados na categoria fundos de ações na primeira metade do ano.

Os três são fundos focados em ações da estatal, que ficaram populares após o governo vender, em 2000, ações com desconto para quem usasse o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

A estratégia desses fundos, no entanto, vai contra a máxima dos gestores de recursos, de diversificar as aplicações em diferentes empresas com o objetivo de mitigar os riscos.

No semestre, os papéis preferenciais (sem voto e mais negociados) da estatal tiveram valorização de 26,9%, enquanto os ordinários (com voto) subiram 46,3%. Só em abril, quando saiu o balanço, as ações avançaram, respectivamente, 34,12% e 48,75%.

Fundos de ações

No balanço de 2014, no qual reportou prejuízo de R$ 21,587 bilhões, a Petrobras reconheceu perdas de R$ 6,194 bilhões relacionadas à corrupção e outros R$ 44,345 bilhões devido à reavaliação de projetos e plantas. Os números eram amplamente esperados pelo mercado, após atraso de 159 dias na divulgação do resultado do 3º trimestre e de 22 dias do anual.

"Basicamente a alta reflete a recuperação nos preços das ações após terem despencado em 2014 por causa da Operação Lava Jato e da queda nos preços do petróleo", diz Aquiles Mosca, superintendente executivo da Santander Asset Management.

As ações preferenciais da petrolífera fecharam 2014 com desvalorização de 41,3%, e as ordinárias encerraram com queda de 40%.

Apesar do bom retorno no curto prazo, os papéis acumulam forte desvalorização desde que atingiram seu maior valor histórico, em 21 de maio de 2008.

Desde então, os papéis preferenciais caem 80,9%. As ações ordinárias cedem 82,2% no mesmo intervalo.

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PERSPECTIVA

Após fechar a primeira metade do ano com ganho de 6,15%, o principal índice da Bolsa brasileira passou a registrar perdas, afetado pela divulgação do corte da meta fiscal para este ano. No momento, o Ibovespa acumula desvalorização de 1,52%.

E as perspectivas para o mercado acionário não são nada boas. "Estamos com um ambiente local complicado, marcado por uma crise política e econômica sem precedentes. Por isso, não esperamos grandes resultados na Bolsa", diz Patricia Stille, gestora da XP Gestão.

Mas algumas empresas podem se destacar na Bolsa. "Há setores que podem se sair melhor em um cenário como esse, como o de serviços, que tem conseguido repassar o aumento de preços, saúde, educação e financeiro", diz Mosca, do Santander.

Os fundos que investem em ações da Petrobras têm um cenário desafiador pela frente. "Daqui para a frente, a expectativa é de neutra para positiva", diz Mosca. "A distribuição de dividendos não ocorrerá neste ano. Mas a empresa já reconheceu perdas e o governo autorizou o reajuste dos combustíveis, o que tirou a companhia da situação mais delicada em relação aos preços externos."

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