Folha de S. Paulo


Após três semanas fechados, bancos da Grécia reabrem na segunda-feira

Os bancos da Grécia reabrirão na segunda-feira (20) após terem permanecido três semanas de portas fechadas para evitar o colapso do sistema bancário do país com um possível saque em massa de recursos diante do agravamento da crise no país.

As restrições de retirada para os clientes devem ser atenuadas, mas a proibição de transferências por estrangeiros e outros controles de capitais seguem mantidas, segundo decreto governamental publicado neste sábado (18).

O movimento segue o anúncio da semana passada pelo BCE (Banco Central Europeu) de que iria desbloquear o financiamento de emergência que o setor bancário grego precisa para se manter à tona depois de a Grécia concordar com um pacote de reformas difíceis para um resgate financeiro.

O limite de retirada diária de ¬ 60 definido quando os bancos foram fechados em 29 de junho foi ajustado para permitir que os clientes dos bancos possam sacar até ¬ 420 por semana, enquanto os detentores de cartões de bancos gregos poderão usá-los para fazer pagamentos enquanto eles estão fora do país.

REFORMA

A determinação do governo grego sobre a reabertura dos bancos no país ocorre um dia após o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, ter demitido os ministros de seu partido que se recusaram a apoiá-lo na votação parlamentar para reduzir pensões, aumentar impostos e vender ativos estatais.

O premiê de 40 anos decidiu tirar os rebeldes depois que 39 membros linhas-duras do partido Syriza se recusaram a apoiar o governo em relação à adoção das medidas, que foram exigidas pela União Europeia como pré-condição para iniciar as negociações de um novo plano de resgate financeiro ao país.

O ministro de Energia, Panagiotis Lafazanis, e dois vice-ministros foram retirados de seus cargos, mas as principais pastas econômicas ficaram inalteradas, com Euclid Tsakalotos permanecendo ministro das Finanças e George Stathakis, ministro da Economia.

Mas o ministro do Trabalho, Panos Skourletis, um dos aliados mais próximos de Tsipras, substituirá Lafazanis na importante pasta de Energia, onde será responsável por processos sensíveis de privatização. O ministro de Reformas Administrativas, George Katrougalos, assumirá o Ministério do Trabalho.

A reforma ministerial era esperada desde que a rebelião do partido deixou Tsipras dependente dos votos dos partidos de oposição pró-europeus para aprovar o acordo de resgate, mas isso provavelmente não mudará a perspectiva global de incerteza do governo.

Junto a Lafazanis, líder da Plataforma de Esquerda do Syriza, um grupo político que se opunha ao resgate, o vice-ministro do Trabalho, Dimtris Stratoulis, e o vice-ministro da Defesa, Costas Isychos, também perderam seus empregos.

Stratoulis foi substituído por Pavlos Chaikalis, um ex-ator cômico dos parceiros de direita da coalizão do Syriza, os Gregos Independentes, numa pasta ligeiramente reformulada.

A ex-vice-ministra das Finanças Nadia Valavani, também contrária ao resgate e que se demitiu no início desta semana, antes da votação, foi substituída por Tryfon Alexiadis, um dos principais membros do sindicado de peritos fiscais da Grécia.

Christoforos Vernardakis, um acadêmico, se tornará vice-ministro da Defesa, enquanto a parlamentar do Syriza Olga Gerovasili foi nomeada porta-voz do governo.


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