Folha de S. Paulo


Falta de água eleva investimento em lavagem ecológica a domicílio

No fim do ano passado, Fernando Saddi, 24, tomou uma bronca ao dar carona para um colega em um carro sujo. Presidente da loja virtual Airu, ele decidiu adaptar o modelo da Easy Taxi para criar um aplicativo de serviços para automóveis.

Em dezembro, lançou o Easy Carros, em que usuários podem requisitar pelo celular de lavagens a polimento.

Zanone Fraissat/Folhapress
Douglas de Oliveira, 30, usa produtos em vez de água para lavagem ecológica de carro
Douglas de Oliveira, 30, usa produtos em vez de água para lavagem ecológica de carro

O pedido é repassado para prestadores de serviço. Segundo Saddi, 65% dos atendimentos acontecem em prédios comerciais.

A empresa fica com 15% do valor de cada serviço. A lavagem mais barata custa R$ 50.

O modelo de serviços a domicílio para automóveis ganhou impulso com a crise hídrica, uma vez que a "lavagem delivery" é feita com produtos que dispensam ou reduzem o uso de água.

Foi a falta de água que fez Reinaldo Barboza, 42, fechar o lava-rápido que tinha na garagem de casa, em Guarulhos, para fazer lavagens pelo Easy Carros. Ele diz faturar R$ 4.000 por mês.

A Eco Clean Shine investe nesse mercado há cinco anos, vendendo equipamentos e produtos para "biolavagem", feita com 300 ml de água. Marcelo Todorovic, 41, diretor da empresa, diz que o número de clientes passou de 300 para 1.300 em dois anos.

O kit vendido pela empresa custa R$ 5.000. A maioria dos serviços são feitos em prédios -o condomínio fica com 10% do faturamento.

Douglas de Oliveira, 30, trabalhou como informal no ramo por quatro anos, mas há seis meses começou a prestar o serviço delivery a pedido de seus clientes, que reclamam de falta de tempo.

Ele comprou o kit da Eco Clean Shine e diz faturar R$ 4.500. "A clientela aumentou, mas tive que dar uma segurada no preço porque a concorrência subiu."

O mercado disputado é uma das principais desvantagens, diz o consultor do Sebrae Adriano Campos. Outro problema é a economia desaquecida: gastos deste tipo tendem a ser cortados.

Ainda assim, a Kiip viu uma oportunidade. Lançada em dezembro, a empresa vende equipamentos de lavagem ecológica para quem ficou desempregado.

"A ideia é atrair quem pega a rescisão de contrato para montar um negócio por necessidade", diz o presidente Roberto Saetta, 34.

Em oito meses, ele vendeu 90 licenças (o pacote básico custa R$ 4.990).

O preço do serviço costuma variar entre R$ 30 e R$ 50. O licenciado levanta em média R$ 3.000 por mês.


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