Folha de S. Paulo


Parlamento alemão aprova negociação de pacote de resgate à Grécia

O Parlamento alemão aprovou nesta sexta-feira (17) a negociação do programa de resgate à Grécia. Dos representantes, 439 apoiaram a proposta, 40 se abstiveram e 119 votaram contra —60 dos votos vêm do bloco conservador da chanceler Angela Merkel.

A votação favorável na Alemanha ocorre dois dias depois de o Parlamento grego ter aprovado as propostas.

Com isso, a Alemanha dá o sinal verde para que a negociação de um terceiro resgate à Grécia, de ¬ 82 bilhões a ¬ 86 bilhões em três anos, continue com base nos termos acordados por líderes da zona do euro na segunda-feira —um pacote de austeridade considerado extremamente intervencionista e que gerou protestos entre os gregos.

A pequena rebelião de 50 parlamentares da coalizão do governo ecoa a profunda incompreensão popular sobre o envio de mais ajuda a Atenas. A Alemanha é o país da zona do euro que mais tem contribuído para os dois resgates anteriores da Grécia desde 2010.

A chanceler alemã Angela Merkel, defendeu as negociações. "Eu sei que muitos têm dúvidas e preocupações sobre se essa estrada levará para o sucesso, se a Grécia terá a força para trilhá-la no longo prazo, e ninguém pode deixar essas preocupações de lado", disse.

"Mas eu tenho convicção em uma coisa: nós estaríamos sendo extremamente negligentes, no longo prazo, até mesmo irresponsáveis, se não ao menos tentássemos essa estrada."

"Seriamos grosseiramente negligentes, e agiríamos de forma irresponsável, se nós ao menos não tentarmos esse caminho", disse.

A fala serve de contrapeso a declarações feitas nesta quinta-feira pelo ministro das Finanças Alemão, Wolfgang Schaeuble, que sugeriu que seria melhor a Grécia passar um tempo fora da zona do euro para resolver seus persistentes problemas econômicos.

A chanceler demonstrou, no entanto, ceticismo de que uma saída temporária grega do bloco de moeda única resolveria o problema, dizendo que nem a Grécia nem os outros 18 países membros da zona do euro estão dispostos a aceitar a ideia. "Por consequência, esse caminho não é viável", disse.

A negociação da proposta costurada por líderes da zona do euro depende da aprovação de alguns Parlamentos europeus. A França aprovou as negociações antes mesmo da Grécia, e na quinta-feira a Finlândia e a Lituânia fizeram o mesmo.

O Parlamento austríaco também aprovou, nesta sexta, o mandato para que o governo negocie o resgate.

Mesmo se todos os Parlamentos aprovarem o projeto, no entanto, o resgate ainda está longe de um acordo final. Quando as negociações terminarem, Merkel e outros chefes de Estado da zona do euro precisarão voltar a seus Parlamentos.

Por suas legislações internas, Alemanha, Finlândia, Áustria, Holanda, Estônia e Eslováquia estão obrigados a levar o acordo a seus Parlamentos, mas é possível que outros países façam o mesmo.

O presidente espanhol Mariano Rajoy disse na quarta-feira que, devido ao volume de recursos em jogo, o país também vai submeter o resgate ao Parlamento espanhol, ainda que a lei não o obrigue.

Antes da votação, a chanceler alemã havia afirmado aos parlamentares que "a alternativa a esse acordo não seria uma saída temporária da zona do euro (...) mas sim um previsível caos".

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