Folha de S. Paulo


Para Levy, é preciso agir rápido para não prejudicar crescimento em 2016

Pedro Ladeira/Folhapress
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy

O ministro Joaquim Levy (Fazenda) disse que as medidas de ajuste fiscal e de reorganização da economia brasileira precisam ser tomadas com rapidez para que a recuperação do país não seja postergada.

"Eu acho que a situação do Brasil hoje é assim: você tem que agir rápido", disse. "Ou você não vai ter recuperação, vai estar postergando. Em vez de 2016 ser um ano de crescimento e inflação baixa, você pode ter um ano um pouco mais difícil."

As declarações do ministro foram dadas em entrevista ao vivo à Rádio CBN, na tarde desta quinta-feira (16).

Segundo o ministro, a prioridade adotada pela pasta é de "ir acertando as regras do jogo".

Nessa lista de medidas para organizar o cenário econômico ele citou a regularização de recursos de brasileiros enviados ao exterior sem pagamento de tributos no Brasil, a proposta de unificação do PIS/Cofins e da alíquota única para o ICMS, de 4%.

"[Temos de] arrumar o dinheiro para permitir que a gente avance casinhas nesse jogo. Porque às vezes, nessas casinhas, tem um 'volte uma casa para trás' e a gente quer ir apenas para frente", brincou o ministro, fazendo alusão a um jogo de tabuleiro.

MOODY'S

Sobre a possibilidade de rebaixamento da nota do Brasil pela Moody's, agência de classificação de risco, o ministro minimizou.

"O setor financeiro as vezes fica um pouquinho aflito, mas isso é parte dessa travessia que a gente vai fazer", explicou. "Algumas das reclamações mostram exatamente que a economia está se adaptando. Em parte a gente vê que as empresas estão querendo ficar líquidas, porque é muita incerteza, né? Por várias razões. As empresas estão tentando ver exatamente qual vai ser o jogo daqui para frente."

Para Levy, o momento de fato exige análises e, portanto, essa desconfiança do mercado faz parte do processo.

Ele voltou a frisar que o governo tem uma agenda para a retomada da economia, que começou a ser discutida com o Congresso.

Por causa do recesso parlamentar, a expectativa é de que essas medidas –para alterar cobranças do PIS, Cofins e ICMS– devem ficar para o segundo semestre, a partir do mês de agosto.

Em nota divulgada nesta quinta-feira (16), a Moody's diz que as incertezas políticas, a inflação pressionada e a piora da confiança do investidor pesarão sobre as empresas brasileiras pelo menos até meados de 2016.

O texto foi divulgado no dia do encontro entre representantes da agência e o ministro Joaquim Levy.

No relatório, a agência -que vê retração do PIB brasileiro de 1,8% em 2015- afirma que a investigação da Operação Lava Jato deixou os investidores cautelosos em relação às companhias não financeiras do Brasil, limitando o acesso delas aos mercados globais de dívida.

Às incertezas políticas soma-se a deterioração do poder de compra do consumidor, em um cenário de aumento do endividamento das famílias, de altas taxas de juros, inflação pressionada e desemprego.

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