Folha de S. Paulo


Acordo na Grécia e Vale impulsionam Bolsa brasileira; dólar fecha em baixa

O acordo que permitiu destravar as negociações em torno de um terceiro pacote de resgate para a Grécia impulsionou a Bolsa brasileira nesta segunda-feira (13). A forte alta das ações da Vale também contribuiu para que o principal índice do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa, subisse 1,01%, para 53.119 pontos.

Com a alta desta segunda-feira, o Ibovespa recuperou as perdas registradas no mês até sexta-feira (10), provocadas principalmente pelas turbulências nos mercados asiáticos.

No mercado cambial, o real foi a moeda que mais se valorizou em relação ao dólar entre as 24 principais divisas emergentes. Apenas sete moedas conseguiram fechar em alta ante a divisa americana.

"O real já estava precificando um acordo sobre Grécia. Essa queda maior pode ter sido gerada por exportadores que aproveitaram o patamar elevado da moeda para fazer negócios", afirma Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou com queda de 1,38%, para R$ 3,145. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, teve queda de 0,91%, para R$ 3,132.

GRÉCIA

O acordo alcançado pelos líderes da zona do euro sobre as negociações de um terceiro pacote de empréstimos para a Grécia, com duração de três anos, aliviou as tensões nos principais mercados mundiais.

"O ânimo verificado no dia foi basicamente gerado pelo acordo sobre a Grécia, que, na minha opinião, era inevitável. A Grécia é um país importante na zona do euro. Agora precisa provar isso a partir do comprometimento com uma política fiscal mais austera", avalia Aldo Moniz, analista da Um Investimentos.

O valor do resgate pode chegar a € 86 bilhões (cerca de R$ 341 bilhões), sendo € 10 bilhões imediatamente. Mas, para que as negociações avancem, o Parlamento grego precisa aprovar até quarta-feira (15) reformas que incluem privatização de ativos, aumento e simplificação de impostos, reforma no sistema de pensão, relaxamento a restrições ao comércio aos domingos e até mesmo a desregulamentação de produtores de leite e padeiros.

Com a decisão, as Bolsas europeias subiram nesta segunda-feira. Em Londres, o índice Financial Times avançou 0,97%, para 6.737 pontos. Em Frankfurt, o DAX subiu 1,49%, para 11.484 pontos. Já a Bolsa de Paris fechou com valorização de 1,94%, para 4.998 pontos.

Em Milão, o índice FTSE-MIB teve valorização de 1%, para 23.167 pontos. Em Madri, o índice Ibex-35 registrou alta de 1,70%, para 11.224 pontos. E em Lisboa, o PSI-20 se valorizou 1,80%, para 5.802 pontos.

Na Ásia, o acordo sobre Grécia ajudou a impulsionar os mercados. O índice MSCI, que reúne as ações da região Ásia-Pacífico com exceção das do Japão, teve alta de 0,88%. O índice japonês Nikkei subiu 1,57%, para 20.089 pontos. Em Xangai, a Bolsa fechou em alta de 2,41%, para 3.971 pontos. Em Seul, o índice Kospi teve valorização de 1,49%, para 2.061 pontos.

Os mercados asiáticos também foram ajudados pelos dados de exportação da China, que surpreenderam positivamente os analistas. As exportações chinesas cresceram inesperadamente em junho pela primeira vez em quatro meses e as importações caíram novamente, mas apresentaram sua melhor performance neste ano, gerando algum otimismo de que os fluxos comerciais estão aumentando.

AÇÕES

Parte da alta do Ibovespa nesta segunda-feira é atribuída à Vale, cujas ações fecharam com forte valorização após o diretor de Ferrosos da mineradora, Peter Poppinga, dizer que a companhia reduzirá a produção de minério de ferro das minas localizadas nos Sistemas Sul e Sudeste em um valor entre 25 milhões e 30 milhões de toneladas ao ano.

A decisão ocorre em um contexto em que os preços do minério de ferro acumulam forte queda —no ano, a desvalorização é de quase 30%.

Com isso, os papéis preferenciais da mineradora subiram 6,59%, para R$ 15,36. Ações ordinárias tiveram valorização de 8,12%, para R$ 18,50.

Também no sentido positivo, as ações da Gol lideraram as altas do Ibovespa. A companhia aérea anunciou na sexta-feira que fez um acordo com a Delta de até US$ 446 milhões com o objetivo de reforçar a liquidez da brasileira. Os acordos envolvem aumento de capital e empréstimo a ser captado no mercado. As ações da aérea subiram 15,37%, para R$ 6,98.

Por outro lado, os papéis da Petrobras fecharam o dia praticamente estáveis,

A empresa decidiu adiar o início de operações da maior descoberta de petróleo feita no Brasil após o pré-sal.

As atenções agora se voltam para o cenário interno, principalmente após a quarta-feira (15), quando uma equipe da agência de classificação de risco Moody's chega ao país. "O mercado já espera um rebaixamento da nota do país, por causa do problema fiscal que atravessamos", avalia Roberto Indech, analista da corretora Rico.

Para Aldo Muniz, da Um Investimentos, a agência pode considerar alguns fatores que minimizariam o risco de rebaixamento. "Em primeiro lugar, o empenho do ministro Joaquim Levy (Fazenda) trouxe credibilidade para o investidor estrangeiro de uma maneira geral", diz.

"As rodadas de visitas da presidente Dilma Rousseff a vários países em busca de negócios mostram preocupação com que esse fluxo de investidores volte ao país. A Moody's pode levar isso em consideração", ressalta.


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