Folha de S. Paulo


Manifestantes na Grécia pedem acordo e manutenção do euro

Milhares de pessoas se manifestaram nesta quinta-feira (9) no centro de Atenas para pedir ao governo grego que chegue a um acordo com os credores e que garanta a permanência do país na zona do euro.

A plataforma "Vivemos na Europa", que convocou a manifestação em sua página no Facebook, conseguiu reunir quatro mil pessoas, segundo a polícia.

"Vivemos na Europa e isso não é negociável. Nosso país está à beira do precipício e sua permanência na zona do euro será decidida definitivamente no domingo", dizia a convocação, em alusão à cúpula europeia que no domingo (12) aprovará ou não o plano de reformas proposto pelo governo grego.

A praça Syntagma, onde fica a sede do parlamento, foi o lugar escolhido pelos manifestantes, que levavam bandeiras da União Europeia e gritavam palavras de ordem a favor de continuar na moeda comum.

O Conselho de Ministros da Grécia aprovou a proposta que será enviada ainda nesta quinta (9) aos seus sócios da União Europeia.

A Grécia solicitou oficialmente nesta quarta (8) ao Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) um novo resgate por um período de três anos, que poderia chegar a € 50 bilhões, segundo a imprensa grega, se baseando no cálculo efetuado pelo Fundo Monetário Internacional das necessidades do país até 2018.

FMI E O EFEITO 'LIMITADO

O Fundo Monetário Internacional (FMI) minimizou nesta quinta-feira (9) as consequências da crise na Grécia para a economia global, ao manter sem mudanças as previsões da zona do euro desde abril para 1,7% neste ano, e assegurou que o efeito percebido até agora é "limitado".

"O contágio global é limitado, é algo reconfortante (...) O que vimos desde a segunda-feira da semana passada [quando se anunciou o plebiscito sobre a proposta dos credores] ] são pequenos testes de resistência na economia do euro, explicou Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI, ao apresentar a atualização do relatório de "Perspectivas Econômicas Globais".

Blanchard explicou na entrevista coletiva que "o ocorrido nos últimos dez dias é o que muitos tinham previsto: reduções das bolsas e ligeiras altas das taxas de risco na periferia do euro", mas não "graves" eventos.

Lembrou, além disso, que o Produto Interno Bruto (PIB) da Grécia representa menos de 2% da zona do euro e apenas 0,5% da economia global.

NOVA PROPOSTA

A Grécia enviou ao Eurogrupo nesta quinta (9) as propostas detalhadas de como o país cumprirá as condições para receber nova ajuda financeira. O órgão europeu não fará nenhum comentário sobre o conteúdo das propostas até a conclusão de uma avaliação dos planos gregos pelas instituições responsáveis.

Sem dinheiro para pagar débitos que estão vencendo, o governo grego negocia um novo socorro, mas a União Europeia exige em troca cortes de despesas e elevação de tributos dos quais discorda o governo de esquerda eleito em janeiro.

Após reunião de líderes dos 19 países da zona do euro, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse que qualquer ajuda emergencial, como um empréstimo-ponte para que a Grécia atravesse o mês de julho, só será avaliada após a apresentação da proposta grega de longo prazo.

OXI x NAI: O PLEBISCITO:

Em um resultado surpreendente, o voto pelo "não" venceu o plebiscito na Grécia no domingo (5), rejeitando a proposta de socorro financeiro dos credores internacionais. Foram 61,31% pelo "não" e 38,69% pelo "sim".

O placar amplo contrariou todas as pesquisas, inclusive as realizadas neste domingo e divulgadas após o fechamento das urnas que previam uma vitória apertada do "não".

Com isso, os gregos rejeitaram a proposta de socorro internacional feito pelos credores, no caso, FMI (Fundo Monetário Internacional), BCE (Banco Central Europeu) e o bloco europeu.

Logo após os primeiros números serem divulgados, simpatizantes do Syriza, partido de esquerda do primeiro-ministro Alexis Tsipras, começaram a celebrar o resultado na praça Syntagma, no centro de Atenas.

A vitória do "não" representa um fortalecimento de Tsipras no seu país, já que ele convocou o plebiscito no último dia 27 depois do fracasso nas negociações em Bruxelas. Neste domingo, ele afirmou que "ninguém pode ignorar a vontade do povo", e voltou a dizer que a consulta era uma vitória contra a "chantagem".

Ao mesmo tempo, no entanto, o resultado aumenta a pressão para a Grécia deixar a zona do euro, principalmente se não chegar a algum tipo de acordo com o bloco nos próximos dias.

COM EFE

Entenda a crise grega


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