Folha de S. Paulo


FMI vê efeito 'limitado' da crise Grécia na economia da União Europeia

O Fundo Monetário Internacional (FMI) minimizou nesta quinta-feira (9) as consequências da crise na Grécia para a economia global, ao manter sem mudanças as previsões da zona do euro desde abril para 1,7% neste ano, e assegurou que o efeito percebido até agora é "limitado".

"O contágio global é limitado, é algo reconfortante (...) O que vimos desde a segunda-feira da semana passada [quando se anunciou o plebiscito sobre a proposta dos credores], são pequenos testes de resistência na economia do euro, explicou Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI, ao apresentar a atualização do relatório de "Perspectivas Econômicas Globais".

Blanchard explicou na entrevista coletiva que "o ocorrido nos últimos dez dias é o que muitos tinham previsto: reduções das bolsas e ligeiras altas das taxas de risco na periferia do euro", mas não "graves" eventos.

Lembrou, além disso, que o Produto Interno Bruto (PIB) da Grécia representa menos de 2% da zona do euro e apenas 0,5% da economia global.

"Isso, ressaltou, faz-nos pensar que se as coisas vão mal na Grécia, não teria grandes consequências para o resto do mundo".

No entanto, ele disse que "há poucas dúvidas que Grécia está sofrendo e poderia sofrer mais inclusive sob um cenário de saída desordenada da zona do euro".

Blanchard, que deixará seu cargo como economista-chefe do FMI, assinalou que a situação da Grécia é um indicador de que a paisagem após a grande crise de 2008 é o de um mundo marcado por altos níveis de dívida, e portanto é fácil que as coisas estejam mal neste contexto.

Na mesma apresentação, o FMI revisou para baixo o crescimento do PIB do Brasil. A expectativa do órgão é que a economia brasileira encolha 1,5% neste ano -a previsão anterior era de -1%.

NOVA PROPOSTA

O prazo final para o governo grego para que o premiê grego, Alexis Tsipras, apresente novas propostas é sexta-feira (10), segundo foi estabelecido em reunião de emergência do Eurogrupo na noite da terça (7).

Sem dinheiro para pagar débitos que estão vencendo, o governo grego negocia um novo socorro, mas a União Europeia exige em troca cortes de despesas e elevação de tributos dos quais discorda o governo de esquerda eleito em janeiro.

Após reunião de líderes dos 19 países da zona do euro, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse que qualquer ajuda emergencial, como um empréstimo-ponte para que a Grécia atravesse o mês de julho, só será avaliada após a apresentação da proposta grega de longo prazo.

OXI x NAI: O PLEBISCITO:

Em um resultado surpreendente, o voto pelo "não" venceu o plebiscito na Grécia no domingo (5), rejeitando a proposta de socorro financeiro dos credores internacionais. Foram 61,31% pelo "não" e 38,69% pelo "sim".

O placar amplo contrariou todas as pesquisas, inclusive as realizadas neste domingo e divulgadas após o fechamento das urnas que previam uma vitória apertada do "não".

Com isso, os gregos rejeitaram a proposta de socorro internacional feito pelos credores, no caso, FMI (Fundo Monetário Internacional), BCE (Banco Central Europeu) e o bloco europeu.

Logo após os primeiros números serem divulgados, simpatizantes do Syriza, partido de esquerda do primeiro-ministro Alexis Tsipras, começaram a celebrar o resultado na praça Syntagma, no centro de Atenas.

A vitória do "não" representa um fortalecimento de Tsipras no seu país, já que ele convocou o plebiscito no último dia 27 depois do fracasso nas negociações em Bruxelas. Neste domingo, ele afirmou que "ninguém pode ignorar a vontade do povo", e voltou a dizer que a consulta era uma vitória contra a "chantagem".

Ao mesmo tempo, no entanto, o resultado aumenta a pressão para a Grécia deixar a zona do euro, principalmente se não chegar a algum tipo de acordo com o bloco nos próximos dias.

COM EFE

Entenda a crise grega


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