Folha de S. Paulo


PIB do Brasil encolherá 1,5% neste ano, diz FMI

O FMI (Fundo Monetário Internacional) revisou para baixo o crescimento do PIB do Brasil. A expectativa do órgão é que a economia brasileira encolha 1,5% neste ano —a previsão anterior era de -1%.

O mercado brasileiro já prevê retração de 2% no PIB em 2015.

Em relatório divulgado nesta quinta-feira (9), o Fundo também revisou para baixo a expectativa de crescimento do PIB brasileiro em 2016 de 1% para 0,7%.

O mau desempenho da economia norte-americana no primeiro trimestre deste ano fez com que o FMI revisasse para baixo a estimativa de crescimento do PIB mundial para 3,3% em 2015, ante os 3,5% projetados em abril.

Contudo, o Fundo afirmou que a confiança em uma aceleração gradual da economia de países desenvolvidos "continua intacta". A alta estaria relacionada a uma política fiscal mais neutra na zona do euro, ao preço baixo dos combustíveis e a melhora na confiança e no mercado de trabalho.

O FMI manteve a expectativa de crescimento de 3,8% da economia mundial em 2016.

Nos mercados emergentes, a desaceleração seria reflexo de fatores como a queda no preço das commodities, gargalos estruturais, condições financeiras externas mais adversas, uma freada na China e o estresse econômico derivado de fatores geopolíticos.

O diretor do departamento de pesquisa do FMI, Olivier Blanchard, atribuiu a recessão no Brasil a uma combinação de duas forças: confiança baixa nos negócios e no consumo e o ajuste fiscal.

Ele disse que a recessão é esperada no curto prazo, mas que o país voltará a crescer no ano que vem.

Blanchard disse que a crise na Grécia, que ele chamou de "o elefante na sala", não teria tanta influência sobre a economia global devido ao peso de sua economia na Europa e no Mundo —só representa 2% da zona do euro, pontuou.

"Se as coisas forem mal na Grécia, o resto do mundo vai sobreviver relativamente bem", afirmou. O diretor, no entanto, enfatizou a necessidade de se chegar a um acordo com o país.

Ele espera um crescimento mais fraco da China, porém manteve a previsão de crescimento do PIB em 6,8%, porque confia em medidas fiscais e monetárias do país para garantir a taxa.

Blanchard anunciou que deixará o FMI. Um jornalista perguntou se ele estaria pronto para fazer uma autocrítica, já que o FMI é um dos credores da Grécia e não se está chegando a acordo.

"Sim, claro", sorriu. "Estaremos em contato", ironizou.


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