Folha de S. Paulo


Na Rússia, cúpula dos Brics deve evitar temas difíceis

Localizada na encosta ocidental dos montes Urais, a cidade russa de Ufá recebe a partir desta quarta-feira (8) a sétima cúpula dos Brics sem expectativa de avanços de parcerias no curto prazo ou de abordagem polêmica sobre temas políticos.

A presidente Dilma Rousseff ficará 40 horas na cidade para os ritos protocolares da cúpula formada por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

De fato, há pouco o que celebrar a não ser explorar o discurso de ratificação do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), que começa a operar (se começar) em 2016.

Com sede em Xangai e criado para financiar infraestrutura, o banco deve ter capital inicial de US$ 50 bilhões, podendo ir a US$ 100 bilhões.

A declaração final em negociação em Ufá aborda apenas de maneira programática a necessidade de integração comercial entre os países, sem muita profundidade.

"Não estamos falando de nada tão ambicioso no momento, mas começando por um 'road map' para criar coesão", disse o embaixador José Alfredo Graça Lima, subsecretário do Itamaraty e negociador do Brasil na cúpula.

Também deve ser rápida e simples a menção a temas como o conflito na Ucrânia, em que os russos são acusados de apoiar separatistas.

Pelo texto rabiscado até agora, os Brics farão um mero apelo contra qualquer solução militar para a região.

De maneira genérica também serão tratadas as sanções do bloco europeu contra a Rússia e questões cibernéticas e de terrorismo.

SEM MENÇÃO À GRÉCIA

Há uma expectativa na Grécia de que os Brics façam uma sinalização política favorável ao país, ainda mais porque Putin tem sido um dos principais interlocutores do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, do partido de esquerda Syriza.

Mas, a não ser que o presidente Vladimir Putin convença os demais líderes, o governo grego pode se frustrar.

O embaixador Graça Lima deixou claro: "A declaração de Ufá no momento não contém nenhum parágrafo sobre a Grécia".

Ele destacou, porém, que os líderes podem mudar isso de última hora. "Vai depender deles, não sei se algum tomará iniciativa e em que bases", disse.

Por ora, também se descarta usar o NBD para algum tipo de socorro aos gregos. "O banco não foi criado para atender de imediato a situações como a que a Grécia vive no momento", afirmou.


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