Folha de S. Paulo


Cúpula dos Brics resiste em mencionar Grécia em declaração

Apesar da expectativa do governo grego, os termos da declaração final da cúpula dos Brics não incluem, ao menos por enquanto, manifestação sobre a crise entre a Grécia e seus credores.

O documento tem sido elaborado pelos negociadores de cada membro do grupo à espera dos líderes que chegam nesta quarta-feira (8) a Ufá (Rússia), entre eles a presidente Dilma Rousseff. O encontro acaba na quinta (9).

"A declaração de Ufá não contém nenhum parágrafo sobre Grécia, mas isso não exclui que os líderes discutam o assunto", afirmou o embaixador José Alfredo Graça Lima, subsecretário do Itamaraty e negociador do Brasil na cúpula.

As Mais: 12 pontos para entender a crise grega

A expectativa em Ufá é que o presidente russo, Vladimir Putin, possa articular para incluir uma citação de apoio à Grécia, que no último domingo (5) rejeitou, em plebiscito, a proposta de socorro dos credores internacionais.

Putin tem sido um dos principais interlocutores do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, do partido de esquerda Syriza. Isolado pelos líderes europeus, Tsipras quer se aproximar dos Brics, o bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Ministros do governo grego, a maioria do Syriza, partido de esquerda comandado por Tsipras, pressionam o premiê a estreitar as relações diante do risco real de o país ter de deixar a zona do euro.

Um aceno positivo da cúpula nesta semana a seu favor, em meio à negociação com o bloco europeu, seria uma forma de demonstrar que o país não está totalmente isolado no cenário global.

O embaixador Graça Lima descartou ainda um socorro à Grécia por meio do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), criado pelos Brics para capitalização e investimentos em infraestrutura com um capital de US$ 50 bilhoes, podendo chegar a US$ 100 bilhões. A possibilidade desse tipo de ajuda vinha sendo especulada pela mídia grega.

UCRÂNIA E SANÇÕES

O encontro dos Brics deve servir muito mais para explorar o início das atividades do NBD do que para abordar temas polêmicos. Segundo Graça Lima, a declaração deve fazer uma menção "genérica" contra a sanções impostas contra a Rússia pela União Europeia e defender que a crise na Ucrânia não deve passar por uma "solução militar".

Grécia


Endereço da página:

Links no texto: