Folha de S. Paulo


Semelhanças entre as economias grega e brasileira surpreendem

Neste domingo (5), a Grécia define os rumos de sua economia.

Uma correção de rota é imperativa. O crescimento nos últimos anos foi de ilusionismo econômico, sem ganhos de produtividade, mas com funcionalismo inchado, aposentadorias generosas, alta de gastos do governo financiados com dívida pública maior.

Resumindo, cresceu com o dinheiro do resto da Europa.

Há algum tempo, o FMI e o BCE não querem mais financiar a farra. Exigem que a Grécia ande com as próprias pernas, comece a pagar o que deve, faça reformas para elevar a produtividade e um ajuste fiscal que melhore a composição de receitas e despesas.

Entenda a crise grega

O país está preso na armadilha da mediocridade. É resultado de uma sequência de remendos econômicos e da ausência de uma estratégia para sua economia. É o pior dos mundos. Ajustes pela metade e sem rumos definidos não resolvem. O plebiscito dá legitimidade para seguir uma só direção sem titubeios.

As semelhanças com o Brasil surpreendem. A economia aqui também cresceu com ilusionismo econômico, sem aumento de produtividade e com gastos públicos exagerados e maquiagem nas estatísticas.

É fato que os dados brasileiros são melhores em alguns pontos: o endividamento público, apesar de alto, é bem menor. Mas o juro é maior, o que faz com que o peso da dívida seja praticamente o mesmo.

Há um ponto idêntico: a falta de legitimidade para a execução de uma estratégia de crescimento, o que impede avanço em qualquer direção.

Lá a população se encontra dividida entre "sim" e "não". Aqui o quadro é mais grave, há várias divisões e os rumos da condução da economia mudam com frequência.

Um dia limitam as desonerações fiscais, no outro aumentam a correção do salário mínimo dos aposentados. Como não há um plano crível do governo de solvência fiscal e de reformas, a direção é aleatória e os ajustes são pontuais.

O quadro macroeconômico é frágil, e a aprovação da presidente, baixa, o que dificulta mais correções de rota. Façamos aqui um plebiscito: votar "sim" ou "não" a respeito de uma estratégia de desenvolvimento de longo prazo.

"Sim" ganharia disparado.

Editoria de Arte/Folhapress

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