Folha de S. Paulo


Dados de emprego nos EUA dão força à Bolsa brasileira e derrubam dólar

Dados mais fracos do que o esperado no mercado de trabalho dos EUA em junho alimentaram a expectativa de que o juro básico naquele país possa começar a subir apenas em dezembro, não em setembro, o que impulsiona a Bolsa brasileira e derruba o dólar nesta quinta-feira (2).

Às 13h05 (de Brasília), o Ibovespa avançava 0,48%, para 53.013 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 2,2 bilhões.

No exterior, os principais mercados de ações oscilavam perto da estabilidade, com investidores de olho nos desdobramentos da crise grega, após o país ter dado calote na dívida de € 1,6 bilhão com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e convocado um plebiscito para domingo (5) em que a população da Grécia dirá se concorda ou não com a proposta de mais um resgate em troca de compromissos fiscais.

No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha desvalorização de 0,58% sobre o real, às 13h05, cotado em R$ 3,111 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial, usado no comércio exterior, caía 1,04%, para R$ 3,113.

O Departamento do Trabalho dos EUA divulgou pela manhã a criação de 223 mil vagas fora do setor agrícola americano em junho, abaixo do esperado. Na visão da equipe do BNP Paribas, os números do relatório não são uma "luz verde" para uma elevação dos juros em setembro, mas também não são uma "luz vermelha".

A Fed Funds Rate, taxa básica de juro americana, está em seu menor nível histórico, entre zero e 0,25% ao ano, desde o final de 2008 –uma medida tomada pelo Federal Reserve (banco central dos EUA) para combater os efeitos negativos da crise.

Uma alta do juro americano deixaria os títulos do Tesouro dos EUA -que são remunerados por essa taxa e considerados de baixíssimo risco- mais atraentes do que aplicações em emergentes como o Brasil, provocando uma saída de recursos dessas economias. Com isso, a Bolsa brasileira, que tem forte participação de estrangeiros, poderia sofrer novas baixas, enquanto a menor oferta de dólares tenderia a pressionar o dólar para cima.

PETROBRAS

O avanço das ações da Petrobras colaborava para a alta do Ibovespa nesta quinta. Os papéis preferenciais da estatal, mais negociados e sem direito a voto, subiam 0,32%, às 13h05, para R$ 12,22 cada um. Já os ordinários, com direito a voto, ganhavam 0,66%, para R$ 13,61.

Em sua primeira entrevista após anunciar uma "dieta" drástica nos investimentos da Petrobras, o presidente da companhia, Aldemir Bendine, 51, não descartou um reajuste no preço da gasolina até o fim do ano. Não enxerga, contudo, necessidade de um aumento agora. "Não dá para garantir que não haverá", disse ele à Folha nesta quarta-feira (1º).

Os bancos também operavam em alta. Este é o segmento com maior participação dentro do Ibovespa. Às 13h05, subiam Itaú (+1,94%), Bradesco (+2,08%), Banco do Brasil (+0,41%) e Santander (+0,71%).

Em sentido contrário, a siderúrgica Gerdau liderava as perdas do Ibovespa, com desvalorização de 3,90%, a R$ 6,90. Outras companhias do mesmo segmento também cediam, como a CSN (-3,33%) e a Usiminas (-0,73%).

Pesava sobre esses papéis a apreensão acerca dos preços praticados no setor, principalmente após artigo publicado no site especializado Steel Business Briefing aventar que a fraqueza da economia estaria forçando usinas a reduzir valores cobrados pelos aços longos em até 5%. O BTG soltou nota dizendo que procurou a Gerdau, que não confirmou a informação.

LEILÕES

No câmbio, além da expectativa pelo momento de alta dos juros nos EUA, os investidores também continuavam monitorando as intervenções do Banco Central do Brasil no mercado. A instituição iniciou na quarta-feira (1º) as operações de renovação dos contratos de swap cambial que vencem no começo de agosto –operação que equivale a uma venda futura de dólares.

A oferta tem sido de até US$ 340 milhões diários. Se mantiver esse ritmo ao longo do mês, o BC vai renovar menos de 70% do lote de contratos com vencimento em agosto, que soma US$ 10,675 bilhões. Em junho, o BC iniciou o mês indicando a renovação de 80% dos contratos, mas reduziu o ritmo ao longo das semanas e acabou por rolar cerca de 70%. Com isso, a instituição tirou do mercado cerca de US$ 2,5 bilhões.

Com Reuters


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