Folha de S. Paulo


Saída da Grécia do euro pode abrir caminho para outros países, diz Rajoy

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, disse nesta terça-feira (30) que a saída da Grécia da zona do euro poderia enviar uma mensagem de que a união de moeda única é reversível e abrir a possibilidade de que outros países sigam o mesmo caminho.

O ministro das Finanças da França, Michel Sapin, fez afirmações no sentido contrário. Para ele, o lugar da Grécia continua sendo na zona do euro, mas a saída do país "não seria um drama" para o restante da Europa.

A Grécia caminha para o calote de um pagamento crucial ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Ele vence à 1h da quarta-feira (horário de Brasília).

Andrea Comas/Reuters
O premiê espanhol Mariano Rajoy, que alertou para 'contaminação' com saída da Grécia da zona do euro
O premiê espanhol Mariano Rajoy, que alertou para 'contaminação' com saída da Grécia da zona do euro

Em meio à situação cada vez mais grave, a Grécia pediu nesta terça um novo socorro financeiro à Europa.

No domingo, o país fará um plebiscito para avaliar as condições propostas pelos credores para a liberação de 7,2 bilhões de empréstimo que poderiam ser usados para pagar a dívida com o FMI.

Os parceiros europeus da Grécia dizem que a votação seria uma escolha sobre ficar ou não na zona do euro.

"O que aconteceria se a Grécia saísse do euro? Haveria uma mensagem negativa de que a associação ao euro é reversível", disse Rajoy em entrevista em rádio.

"As pessoas podem achar que se um país pode deixar o euro, outros podem fazê-lo no futuro. Acredito que este é o problema mais sério que pode surgir [com uma saída da Grécia]."

Editoria de Arte/Folhapress

PROBLEMA, NÃO DRAMA

Em entrevista à TV France 2, Sapin, que até segunda-feira pedia que Atenas voltasse à mesa de negociação, ignorou uma pergunta sobre se ainda poderia haver conversas de última hora e disse que a verdadeira questão é o referendo de domingo sobre a mais recente oferta de reformas em troca de dinheiro feita pelos credores.

"É uma votação com consequências. Se disserem sim, continuamos a negociar (...) com um não, entramos em terreno desconhecido", disse ele na entrevista.

"Para os outros países na Europa, seria um problema, mas não um drama, se a Grécia sair, não seria uma mudança econômica drástica de súbito", disse ele, classificando as perdas de segunda-feira nos mercados financeiros como uma simples correção de ganhos anteriores.

"O problema seria para a Grécia em si, para o projeto europeu", acrescentou.


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