Folha de S. Paulo


Petrobras põe à venda US$ 57,7 em ativos e reduz plano de investimento

A Petrobras decidiu cortar investimentos e colocar à venda US$ 57,7 bilhões em ativos nos próximos cinco anos.

De acordo com o plano de negócios da Petrobras para o período de 2015 a 2019, divulgado na manhã desta segunda-feira (29), haverá uma redução de 37% em relação ao planejamento de investimentos anterior, para o período de 2014 a 2018.

O plano prevê investimentos de US$ 130,3 bilhões para os próximos cinco anos, média de US$ 26,06 bilhões por ano.

A diferença entre o previsto anteriormente, em valores absolutos, é de US$ 76,3 bilhões.

Para calcular o percentual do corte em relação ao plano anterior, a Petrobras considerou apenas a carteira de investimentos em implantação e também os projetos em fase de licitação.

O planejamento de 2014-2018, previa, nesses termos, portanto, investimentos de US$ 206,6 bilhões, US$ 41,3 bilhões por ano.

No anúncio do novo plano de investimentos, a estatal desconsiderou US$ 13,8 bilhões em projetos em avaliação que faziam parte da projeção anterior. Se esse valor fosse mantido, o corte seria ainda maior, de pouco mais de US$ 90 bilhões.

A Petrobras teve que reavaliar seu programa de investimento diante das perdas decorrentes do escândalo de corrupção– superfaturamentos drenaram o caixa da companhia–, da queda do preço do barril de petróleo, que desvaloriza o principal produto da companhia, e da alta do dólar, que encarece sua dívida.

Também contribuiu para a sangria do caixa a determinação do governo em não subir o preço dos combustíveis quando ocorriam altas no mercado internacional, antes do preço despencar no segundo semestre do ano passado.

Depois de anos de disparidade no preço, os combustíveis foram reajustados no final do ano passado.

A companhia irá concentrar seus aportes na exploração e produção de petróleo.

Dos US$ 130 bilhões anunciados, 83%, ou US$ 108,6 bilhões, serão aportados na exploração e produção– que compreende os estudos das áreas, a perfuração de poços e a extração do óleo do leito marinho.

Dentro desse segmento, US$ 64,4 bilhões serão para aquisição de novas plataformas e sistemas de produção, a maior delas será alocadas em áreas do pré-sal.

A área de abastecimento, sobre a qual pesou a maior parte das denúncias de corrupção e superfaturamento de projetos, ficará com 10%, ou US$ 12,8 bilhões.

A empresa não deu novos prazos para a conclusão das refinarias Abreu e Lima, em Pernambuco, e Comperj, no Rio.

Informou apenas que investirá cerca de US$ 1,2 bilhão para conclusão das obras de Abreu e Lima.

Comperj também receberá aportes, cujos valores não foram especificados. Gás e energia e demais áreas receberam, juntas, outros US% 8,9 bilhões.

VENDA DE ATIVOS

O corte no PNG veio dentro da expectativa do mercado, que esperava variação entre 30% a 40% em relação ao plano anterior. No sábado, a Folha noticiou que o corte seria de 37%.

Além de reduzir seus investimentos, a empresa precisou anunciar desinvestimento, movimento também desejado pelo mercado, que significa a venda de parte de seus ativos.

A empresa não especificou onde irá desinvestir, anunciou apenas que ativos no valor de US$ 57,7 bi serão vendidos.

Desse total, US$ 15,1 bilhões serão neste ano e no ano que vem. Em 2017 e 2018, com desinvestimentos adicionais, a empresa chegará ao valor total anunciado.

Em comunicado, a Petrobras ressaltou que as "operações de desinvestimentos e outras reestruturações de negócios [estarão] sujeitas às condições de mercado vigentes à época das transações".

PRODUÇÃO

A empresa anunciou também que reduziu suas estimativas de produção para o período até 2020, que faz parte do plano estratégico da empresa para um prazo um pouco maior que os cinco anos.

A estatal pretende chegar a 2020 com produção de 3,7 milhões de barris de petróleo, gás natural e LGN (líquido de gás natural) por ano, um recuo de 30,1% em relação aos 5,3 do plano anterior.

Considerando somente petróleo, as estimativas são de 2,8 milhões de barris por dia em 2020, uma redução de 33,3% em relação aos 4,2 milhões diários previstos anteriormente.

"As metas de produção de óleo, LGN (líquido de gás natural) e gás natural no Brasil foram atualizadas, refletindo postergação de projetos de menor maturidade ou atraso na entrega das unidades de produção, principalmente em função de limitações de fornecedores no Brasil".

PREÇO

A Petrobras também mudou suas estimativas para o preço do barril de petróleo para o período. No plano anterior, o valor médio do barril começava em US$ 105 em 2014 e ia até US$ 95 em 2018. Na estimativa atual, o preço ficará em US$ 60 neste ano e não deve passar de US$ 70 até 2019. Para o câmbio, as estimativas recuaram de R$ 1,92 por dólar para R$ 3,29, até 2019.

Editoria de arte/Folhapress
Entenda os modelos de exploração de petróleo da Petrobras
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