Folha de S. Paulo


Bancos gregos vão reabrir para aposentados nesta quinta, diz fonte

Segundo uma autoridade do governo que pediu anonimato, os bancos gregos devem reabrir 850 agências para o pagamento de aposentadorias na quinta-feira (2), mas permanecerão fechados para outros negócios durante toda a semana.

Informações repassadas à agência internacional Bloomberg, no entanto, afirmam que os bancos poderiam ser abertos já na quarta-feira.

Com a convocação pelo primeiro-ministro grego Alexis Tsipras de um plebiscito para o próximo domingo decidindo se a Grécia aceita ou não a proposta de seus credores para a liberação de verbas, parece cada vez menor a probabilidade de que o país pague 1,6 bilhão de euros de empréstimo ao FMI dentro do prazo que se esgota nesta terça (30).

O cenário fez com que o governo restringisse o acesso ao sistema financeiro via decreto neste domingo, como forma de evitar uma corrida aos bancos.

Fora a exceção para os aposentados, as instituições devem ser fechadas até o dia 7 de julho. Foi estabelecido limite de saques diários de 60 euros para os caixas eletrônicos.

Editoria de Arte/Folhapress

Muitos aposentados na Grécia não têm cartões de crédito ou débito, por isso o fechamento dos bancos representa um golpe especialmente forte para esse grupo, o que fez com que filas se formassem nesta segunda.

Segundo a mesma autoridade, se os bancos continuarem a receber suporte da linha de financiamento emergencial (ELA, na sigla em inglês) do Banco Central Europeu (BCE), o atual limite diário para saques em caixas eletrônicos pode ser elevado.

De acordo com fontes, o financiamento deve ser mantido, mas o O Banco Central Europeu (BCE) rejeitou neste domingo o pedido da Grécia por 6 bilhões de euros.

Na Grécia existem cerca de 5.500 caixas automáticos. Em Atenas as pessoas já faziam filas em muitos deles.

"Tenho cinco euros no meu bolso, pensei em tentar a sorte aqui e pegar algum dinheiro. As filas no meu bairro estavam muito longas ontem", disse o encanador Yannis Kalaizakis, de 58 anos, do lado de fora de um caixa vazio no centro de Atenas nesta segunda-feira.

Grécia

"Não sei mais o que dizer. Está uma bagunça."

O documento publicado ontem informa que poderão ser realizados pagamentos com cartão no país assim como transações internas através dos serviços bancários das páginas na internet.

As transações ao estrangeiro serão restringidas às necessidades urgentes como a compra de remédios e o pagamento de serviços médicos.

As medidas relativas ao controle de capitais não serão aplicadas aos turistas, que poderão realizar transações e retiradas de dinheiro nos caixas automáticos com os cartões de crédito ou débito emitidos em seus países de origem.

DESCRENÇA E MEDO

Mas, depois de Tsipras ter irritado os credores internacionais da Grécia ao anunciar um plebiscito para o próximo domingo sobre os termos do acordo de reformas em troca de dinheiro, as esperanças de um avanço de última hora estão acabando rapidamente. Os gregos reagiram com uma mistura de descrença e medo.

"Não posso acreditar", disse a moradora de Atenas Evgenia Gekou, de 50 anos, em seu caminho para o trabalho. "Continuo achando que vamos acordar amanhã e tudo estará bem. Estou tentando muito não me preocupar."

Autoridades europeias enviaram sinais confusos sobre seus próximos passos. Um porta-voz da Comissão Europeia disse a uma rádio francesa que Bruxelas não fará nenhuma nova proposta nesta segunda-feira.

Ele aparentemente contradiz as declarações do comissário econômico da UE, Pierre Moscovici, que disse que uma nova oferta estava vindo e que os dois lados estavam "a apenas alguns centímetros" de um acordo.

Após meses de brigas, os parceiros europeus da Grécia colocaram a culpa pela crise em Tsipras.

Os credores querem que a Grécia corte aposentadorias e eleve impostos de maneiras que Tsipras há muito argumenta que vai aprofundar uma das piores crises econômicas da era moderna em um país onde um quarto da força de trabalho já está desempregada.


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