Folha de S. Paulo


Governo e centrais não chegam a acordo sobre fator previdenciário

Pedro Ladeira
Ministro do Planejamento Nelson Barbosa
Ministro do Planejamento Nelson Barbosa

Após uma tensa reunião de quase duas horas, nesta segunda-feira (15) no Palácio do Planalto, governo e centrais sindicais não conseguiram chegar a um acordo sobre uma alternativa ao fator previdenciário, criado no governo Fernando Henrique Cardoso para desestimular aposentadorias precoces.

A presidente Dilma escalou os ministros Carlos Gabas (Previdência), Nelson Barbosa (Planejamento), Ricardo Berzoini (Comunicações) e Miguel Rossetto (Secretaria Geral) para ouvir o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, e da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas, sobre a possibilidade de desenvolver em conjunto uma alternativa à fórmula 85/95, apresentada pelo Congresso Nacional como flexibilização do fator previdenciário.

Mas não adiantou. Apesar da insistência dos ministros, que levaram planilhas para mostrar o impacto da medida na Previdência a partir de 2023, os representantes das centrais disseram que só vão debater alternativas no fórum criado para tratar do tema depois que a presidente sancionar a nova fórmula.

"Primeiro ela sancione, depois as centrais vão debater alternativas", afirmou o presidente da Força ao final do encontro. "Faço um apelo à presidente, que ela não vete, que ela corrija essa distorção [do fator previdenciário]. Ela tem a oportunidade de fazer esse bem aos trabalhadores", concluiu Torres.

Dilma tem até quarta-feira (17) para vetar ou não a fórmula 85/95, que permite a aposentadoria com valor integral do benefício quando a soma da idade e do tempo de contribuição do trabalhador for 85 para mulheres e 95 para homens.

Nos bastidores, ministros pressionam para que Dilma vete o novo cálculo e a tendência, dizem, é que isso aconteça. A posição da presidente, no entanto, ainda não está fechada.

Os representantes das centrais afirmam ainda que são contrários à proposta de estabelecimento de uma idade mínima para aposentadoria, que chegou a ser ventilada pelo governo, mas que nenhuma proposta foi feita durante a reunião.

"O governo não apresentou proposta nenhuma. O governo queria saber a opinião das centrais e não quis dizer a sua opinião", disse Vagner Freitas.

Filiado ao PT, partido de Dilma, o presidente da CUT disse que é "essencial" que a fórmula 85/95 seja sancionada. "Vai vetar para quê? Para conseguir algo melhor?", ironizou Freitas.

VIGÍLIA

Segundo Miguel Torres, presidente da Força, as centrais sindicais estão convocando uma vigília a partir da noite de terça-feira (16), em frente ao Palácio do Planalto, como forma de pressionar para que Dilma não vete a nova fórmula.


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