Folha de S. Paulo


Salário de executivo cresce mais que receita de empresas

Em um terço das maiores empresas de capital aberto do país, o pagamento anual total de salários e bônus a diretores e conselheiros cresceu bem mais do que a receita, entre 2014 e 2013.

Os resultados fazem parte de uma atualização feita pela Folha de levantamento organizado por Renato Chaves, sócio da consultoria Mesa Governança Corporativa, com dados de 2013. A lista considera 46 empresas com receita acima de R$ 5 bilhões.

Os dados sobre receita e remuneração foram pesquisados nos formulários de referência que as empresas têm de publicar anualmente, segundo norma da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Em média, a receita das 46 empresas cresceu 13% na comparação entre 2013 e o ano passado. A remuneração global dos administradores registrou um avanço próximo: 12%.

Quatorze companhias tiveram alta nos gastos com conselho e diretoria bem acima do avanço da receita.

Em dez delas, a remuneração global de diretores e conselheiros cresceu pelo menos 13 pontos percentuais acima da receita.

Em outras quatro, salários de diretores e conselheiros subiram entre 9% e 67% no período, enquanto receita se manteve ou caiu.

Editoria de arte/Folhapress

Uma das empresas é a Oi, que registrou queda de 0,6% na receita, mas a remuneração cresceu 67% -de R$ 15,4 milhões para R$ 25,8 milhões.

Na Cosan, a receita cresceu 33%, mas a remuneração teve alta ainda maior -97%. Seguiram caminho parecido Banrisul, Itaú Unibanco, Fibria e Vale.

INFLAÇÃO

O levantamento mostra ainda que em 24 dessas grandes companhias a remuneração da alta cúpula dos administradores subiu acima da inflação de 2014, medida pelo IBGE, de 6,41%.

Há empresas em que o aumento nesses ganhos ficou aquém da receitas, como a Vale, em que a receita caiu 13% e o pagamento aos gestores subiu 19%.

"A inflação é um parâmetro importante, porque baliza a negociação dos salários dos demais funcionários. Ganhos extras não devem ser apenas de algumas mentes brilhantes", diz Chaves.

Em média, as 46 empresas gastam 0,19% da receita com remuneração de administradores. Há 15 que pagam mais. Fibria (0,71% da receita de R$ 7 bilhões), Cielo (0,61% da receita de R$ 7,8 bi) e Itaú (0,49% de R$ 52 bilhões em receita) são as que mais gastam proporcionalmente.

Em algumas, caiu a remuneração -casos de Gerdau (-66%) e Cyrela (-67%).


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