Folha de S. Paulo


Em nova alta, dólar bate R$ 3,186 diante da cautela com ajuste fiscal

O dólar voltou a subir nesta quarta-feira (27) com o mercado cauteloso em relação ao reequilíbrio das contas públicas no Brasil, um dia após o Senado ter aprovado a medida provisória 665, que restringe o acesso a benefícios trabalhistas com o objetivo de cortar gastos públicos obrigatórios.

A avaliação de analistas é que, apesar de o governo ter vencido uma importante batalha, ainda há muito trabalho a fazer para que o país consiga cumprir a meta de superavit de 1,1% do PIB em 2015. Os ruídos de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem enfrentado resistência dentro do governo para dar sequência ao processo de ajuste fiscal deixam os investidores na defensiva, à espera de resultados.

Às 11h50 (de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 0,76% sobre o real, cotado em R$ 3,174 na venda. Mais cedo, a moeda americana alcançou a máxima de R$ 3,184. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, operava em alta de 1,01%, para R$ 3,182, depois de ter batido R$ 3,186. Ambos estão no maior nível em dois meses.

O cenário externo adiciona ainda mais pressão sobre o câmbio nesta quarta. O Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew, pediu a negociadores europeus que não errem os cálculos enquanto tentam negociar um acordo de dívida com o governo grego, pois é impossível prever exatamente o custo de uma saída da Grécia da zona do euro. Lew segue para Alemanha para participar da reunião do G7.

Investidores também continuam apreensivos em relação ao rumo do juro básico nos EUA, após resultados recentes de indicadores terem sinalizado fortalecimento da economia americana. Além disso, o discurso da presidente do Federal Reserve (BC dos EUA), Janet Yellen, na semana passada, deixou claro que a intenção da autoridade é começar a elevar a taxa de juros daquele país ainda em 2015.

Uma alta do juro americano deixaria os títulos do Tesouro dos EUA –que são remunerados por essa taxa e considerados de baixíssimo risco– mais atraentes do que aplicações em mercados emergentes como o Brasil, provocando uma saída de recursos dessas economias. A menor oferta de dólares tenderia a pressionar a cotação da moeda americana para cima.

O cenário é agravado pela perspectiva de menor intervenção do Banco Central do Brasil no câmbio. Nesta quarta, a autoridade monetária vai rolar para 2016 os vencimentos de 8,1 mil contratos de swap que estão previstos para o início de junho, em um leilão que pode movimentar até US$ 400 milhões. A operação é equivalente à venda futura de dólares.

AÇÕES

No mercado de ações, o principal índice da Bolsa brasileira oscila perto da estabilidade nesta quarta-feira, com o avanço da Petrobras e dos bancos ofuscando a desvalorização dos papéis da mineradora Vale.

Às 11h50, o Ibovespa tinha ligeira baixa de 0,01%, para 53.625 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 2,2 bilhões.

No setor bancário, segmento com maior peso dentro do índice, o Itaú ganhava 0,97%, para R$ 35,25, enquanto o Bradesco subia 1,51%, para R$ 28,83. Esses papéis haviam sido penalizados nos últimos pregões, após o aumento, na semana passada, da CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido) de 15% para 20%.

A Petrobras via sua ação preferencial, mais negociada e sem direito a voto, avançar 0,64%, para R$ 12,47, devolvendo parte da perda de mais de 7% registrada nos últimos três pregões. O papel ordinário, com direito a voto, ganhava 1,04%, para R$ 13,50.

No sentido oposto, as ações preferenciais da Vale recuavam 1,20%, para R$ 17,24, depois de terem subido 5,31% nos últimos quatro pregões.

Com Reuters


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