O conceito do aplicativo WiMMapp (Where is My Messsage, onde está minha mensagem, em inglês) surgiu em um momento sombrio da vida do empresário Ivo Machado, 38, nascido em Cachoeira de Minas (MG).
Foi em 2012, quando ele enfrentou a notícia de que poderia ter uma parada cardíaca fatal a qualquer momento e começou a pensar formas diferentes de enviar textos pelo celular.
Na época, sua companhia a TrustSign, aberta em 2006, acabara de conquistar a terceira posição em participação no mercado de segurança digital e começava a dar retorno de um grande investimento. Ele teve que usar até mesmo o cartão de crédito pessoal para financiar o negócio e perdeu horas de sono para se dedicar ao trabalho.
| Karime Xavier/Folhapress | ||
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| Ivo Machado, criador do aplicativo que envia mensagens que só podem ser abertas em local determinado |
"No começo, para fazer a empresa parecer maior do que já era, criei cinco diferentes e-mails, um para cada área. Não importava o horário que fosse, eu mesmo respondia a todos eles, falando em nome de João do suporte, por exemplo", lembra.
Até que seu corpo trouxe a conta. Naquele ano, ele teve sua primeira síncope cardíaca, um desmaio acompanhado de fortes dores no peito, enquanto brincava com sua filha, então com dois anos.
As crises foram se tornando mais frequentes até chegarem a 25 por dia.
Os primeiros exames não revelavam a origem do problema e os médicos proclamaram que ele poderia morrer a qualquer momento.
"Meu sonho foi colocado por água abaixo. Tinha atingido meus objetivos em termos de casa, carro e família. Mas olhar para minha filha todos os dias e passar pelos meus sintomas me derrubavam e me fazia chorar", diz.
A situação levou o empresário a trocar a presidência da empresa que fundou por um posto no conselho de administração.
Também fez com que prestasse mais atenção a histórias de pessoas com doenças em fase terminal e percebesse que uma frustração dele próprio e dos demais era não poder continuar presente na vida dos familiares e amigos.
Machado queria acompanhar o crescimento de sua filha e daí nasceu a plataforma HapBoo (susto feliz).
Nela, ele gravou mensagens para serem acessadas no futuro, em datas especiais, como os aniversários da filha.
Machado conta que a conversa mais difícil de sua vida foi com a mulher, na hora de explicar como manter o serviço ativo após sua morte.
Apesar de criado inicialmente para uso próprio, o HapBoo, lançado em 2013, teve 10 mil cadastrados em seu primeiro ano de funcionamento. O serviço, totalmente gratuito, está sendo reformulado e sua nova versão deve chegar ao mercado em julho.
Enquanto a plataforma crescia, foi Machado quem teve um "susto feliz". Em outubro do ano passado, suas sincopes cardíacas foram diagnosticadas como um problema no sistema nervoso, controlado com mudanças na alimentação.
NOVO NEGÓCIO
O HapBoo foi a inspiração da nova empreitada de Machado: o envio de mensagens geolocalizadas, que só poderiam ser abertas em um lugar escolhido por quem as havia escrito.
A ferramenta já existia no aplicativo, mas correspondia a apenas 0,3% do seu uso. Ele decidiu então eliminar esse recurso do HapBoo e criar o WiMMapp, lançado há dois meses no Brasil e nos EUA.
O que antes era parte de um projeto inspirado em um momento difícil virou forma de brincadeira.
Hoje, o aplicativo é usado por amigos para "trollar" uns aos outros, para fazer surpresa para a namorada ou espalhar poesia para usuários do aplicativo, conta.
"Tivemos até que colocar um botão de denúncia para conteúdo inapropriado, pois teve até gente que colocou foto de partes do corpo."
Machado espera ganhar dinheiro com o WiMMapp permitindo que grandes empresas façam ações promocionais a partir dele. Hoje, a doceria Ofner oferece cupons de descontos pelo app, diz.
Para a iniciativa, foi destinado cerca de R$ 1 milhão do próprio Machado e de outros investidores.