A poucos dias de o governo federal anunciar o tamanho do corte no Orçamento para que consiga fechar as contas este ano, o Ministério da Fazenda foi tomado por manifestantes na manhã desta terça-feira (19).
Cerca de 2.000 integrantes da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar, um braço da CUT (Central Única dos Trabalhadores), chegaram ao prédio às 5h. Eles entraram pela porta principal, pela garagem e quebraram uma vidraça, por onde também passaram.
Segundo interlocutores do Ministério da Fazenda, o interior do prédio foi danificado, mas a invasão não chegou ao quinto andar, onde fica o gabinete do ministro. Havia manifestantes portando cassetetes.
| Ed Ferreira/Folhapress | ||
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| O ministro da Fazenda Joaquim Levy antes de entrar em negociação com manifestantes |
Joaquim Levy chegou por volta das 9h30 e iniciou uma negociação na portaria principal do prédio, por cerca de meia hora. Então, os manifestantes autorizaram a entrada do ministro, quando houve muito empurra-empurra entre funcionários, integrantes do movimento e jornalistas.
Levy esteve reunido com o coordenador geral da federação, Marcos Rochinski, dentro do ministério, acompanhado apenas do secretário do Tesouro, Marcelo Saintive, e do secretário de Acompanhamento Econômico, Paulo Correa.
Agora, as negociações passam para o Ministério do Desenvolvimento Agrário. O ministro Patrus Ananias vai receber os manifestantes no fim desta manhã. O ministro Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da República) também deve participar da conversa.
Ninguém mais está autorizado a entrar no prédio do Ministério da Fazenda até as 14h. Todos os funcionários estão sendo barrados pelos manifestantes, que protestam contra os cortes em gastos promovidos pelo governo, que atingem a agricultura e benefícios trabalhistas.
O movimento é contra o corte de verbas do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), do programa de habitação rural e redução do limite de gastos de outros programas.
Há manifestantes de todas as regiões o país. Eles estão acampados no Parque da Cidade, em Brasília, e num terreno do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) desde ontem.
O Ministério da Fazenda tem sido alvo constante de protestos nos últimos meses, por estar na dianteira do arrocho fiscal. Agora, já são três as vidraças externas do prédio quebradas por manifestantes.