Folha de S. Paulo


Dólar cai pelo quarto dia após novos indicadores fracos nos EUA

O dólar tem queda pelo quarto dia nesta sexta-feira (15), após o desempenho da indústria americana ter se deteriorado pelo quinto mês consecutivo em abril, alimentando expectativas de que o Federal Reserve (banco central americano) possa postergar o aumento no juro básico daquele país.

Às 12h (de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha desvalorização de 0,81% sobre o real, cotado em R$ 2,978 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial, usado no comércio exterior, cedia 0,50%, para R$ 2,979.

A produção industrial dos EUA caiu 0,3% no mês passado, enquanto o mercado esperava por estabilidade ou ligeiro aumento de 0,1%, segundo dados divulgados pelo Fed nesta sexta. A leitura preliminar de maio do índice de confiança do consumidor americano calculado pela Universidade de Michigan também decepcionou ao apontar 88,6 pontos, enquanto a expectativa era de 96.

Os dados menos otimistas na economia americana podem fazer com que o Fed demore mais para subir os juros nos EUA, que desde 2008 estão em seu menor patamar histórico, entre 0% e 0,25% –uma medida tomada para amenizar os efeitos negativos da crise e estimular uma retomada econômica naquele país.

Uma alta do juro americano deixaria os títulos do Tesouro dos EUA -que são remunerados por essa taxa e considerados de baixíssimo risco- mais atraentes do que aplicações em mercados emergentes, provocando uma saída de recursos dessas economias.

A menor oferta de dólares tenderia a pressionar a cotação da moeda americana para cima, por isso a possibilidade de um aumento mais distante no juro reduz a pressão no mercado cambial nesta sexta.

A avaliação de operadores de câmbio, no entanto, é que o Banco Central do Brasil pode voltar a reduzir em junho a quantidade de suas atuações diárias no mercado, assim como fez neste mês, para não deixar que a cotação do dólar se afaste muito dos R$ 3 –nível considerado confortável para a inflação no país e para as exportações.

Nesta sexta-feira, a autoridade monetária brasileira rolou para 2016 os vencimentos de 8,1 mil contratos que estavam previstos para o início de junho, em um leilão que movimentou US$ 393,6 milhões. A operação é equivalente à venda futura de dólares.

Se mantiver esse ritmo até o final de maio, o BC rolará apenas 80% do lote total de contratos de swap com vencimento no início do próximo mês, que corresponde a US$ 9,656 bilhões.

INSTABILIDADE

Na Bolsa, o principal índice de ações do mercado nacional, o Ibovespa, atravessa um novo dia de instabilidade. Após oscilar entre perdas e ganhos durante as primeiras horas de pregão, o indicador esboça uma retomada e opera no azul neste início de tarde.

Às 12h, o Ibovespa tinha valorização de 0,40%, para 56.884 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 1,5 bilhão. Os investidores seguem atentos à temporada de divulgação de resultados das empresas, especialmente o da Petrobras, previsto para esta noite. Os papéis preferenciais da estatal, sem direito a voto, cediam 0,64%, para R$ 13,80 cada um.

Também no azul, as ações da operadora da Bolsa brasileira, a BM&FBovespa, subiam 2,66%, para R$ 12,37 cada uma. A companhia reportou aumento de 9,2% no lucro líquido do primeiro trimestre deste ano sobre o mesmo período de 2014, para R$ 279,7 milhões.

Do outro lado do mercado, os papéis da produtora de celulose Fibria tinham desvalorização de 2,40%, para R$ 42,35. A empresa aprovou construção de uma nova linha de produção de celulose em Três Lagoas (MS), com investimento estimado em R$ 7,7 bilhões.

Em relatório, o banco BTG Pactual afirmou que o projeto trará um custo caixa de produção atraente para a Fibria e que a alavancagem deve permanecer em um nível confortável, mas destacou que, embora seja uma decisão racional para os acionistas, o setor seria mais beneficiado por uma consolidação do que pelo aumento de capacidade.

Com Reuters


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