Folha de S. Paulo


Como funcionam artigos e reportagens publicados diretamente no Facebook

A partir desta quarta-feira (13), grandes veículos, como "The York Times" e "The Guardian", passam a publicar diretamente no Facebook reportagens e artigos instantâneos.

A rede social começa a hospedar algumas reportagens diretamente em seus servidores, com a intenção de servi-las rapidamente aos usuários do iPhone, acompanhadas por recursos multimídia adicionais que não estão disponíveis na versão do Facebook para a web.

COMO SERÁ

Para as pessoas que não usam o Facebook via iPhone, o material publicado como artigos instantâneos aparecerá no newsfeed de maneira normal. Mas se você tiver um iPhone (não existe versão Android ainda), poderá ver a imagem de capa se mover, como o movimento das imagens dos jornais em um filme de Harry Potter.

Por exemplo, o primeiro artigo da NBC, sobre plantadores de amêndoas na Califórnia, mostra um sprinkler regando uma amendoeira. "Pode-se usar fotos vivas, ativas, que se tornam vídeos", disse Mike Matas, o designer de produto do Facebook para os artigos instantâneos.

Divulgação
Com o Instant Articles, o Facebook quer manter os usuários no seu aplicativo mesmo quando clicarem para abrir reportagens
Com o Instant Articles, o Facebook quer manter os usuários no seu app mesmo ao abrir reportagens

Quando o usuário clica na capa, o artigo é carregado quase instantaneamente. As fotos aparecem em alta resolução, e é possível dar zoom com um toque ou incliná-las, a fim de ver porção maior da imagem —um recurso tomado de empréstimo ao app Paper, do Facebook. Os vídeos são executados automaticamente quando o usuário baixa a tela até eles.

A depender da companhia noticiosa e do artigo, as fotos podem incluir som incorporado, como um narrador que descreve o que elas contêm, ou uma marcação geográfica, que mostra onde foram tiradas.

O usuário pode "curtir" determinados elementos de uma história, acompanhar o autor ou a organização noticiosa no Facebook e até compartilhar o conteúdo em outras plataformas, como o Twitter. A experiência toda é "macia como manteiga", de acordo com Declan Moore, vice-presidente de mídia da National Geographic Society, cujo primeiro artigo instantâneo é uma reportagem acompanhada por muitas fotos sobre os esforços para desenvolver colmeias de abelhas mais resistentes.

As organizações noticiosas dizem que os artigos instantâneos são uma maneira de fazer com que seu trabalho se destaque no Facebook e ainda assim lhes dar crédito pelo tráfego junto aos anunciantes e serviços de mensuração de audiência como a comScore, e permitir que recolham a espécie de dados que obtêm de visitantes aos seus sites.

O Facebook trabalhou com afinco para integrar a tecnologia com os sistemas de administração de conteúdo dos grupos noticiosos. Essencialmente, a rede social lê rótulos especiais incorporados às histórias a fim de reformatá-las, mas posta o material incorporando o link subjacente, para que a leitura conte como visita em aparelho móvel e o usuário possa facilmente compartilhar o artigo com pessoas que não estão no Facebook.

"O sistema toma o melhor de nossa narrativa e do nosso jornalismo, em todas as suas formas multimídia, e apresenta o conteúdo de maneira bonita dentro da experiência do Facebook, e de uma forma que nos permite receber crédito pelo tráfego", disse Julian March, vice-presidente sênior editorial e de inovação na NBC News.

Talvez a maior barreira que o Facebook precisou superar no caso dos artigos instantâneos tenha sido a questão do faturamento.

Quando a companhia introduziu a opção de subir vídeos para o Facebook, em setembro, prometeu que eles seriam executados com mais rapidez e começariam automaticamente quando as pessoas passassem por ele ao descer por suas telas. Mas não permitiu que organizações noticiosas inserissem publicidade própria nesses vídeos.

No caso dos artigos instantâneos, o Facebook vai permitir que organizações noticiosas, entre as quais "The New York Times", incluam anúncios, tipicamente na proporção de um anúncio grande tipo banner ou dois pequenos a cada 500 palavras de texto. As companhias poderão vender seus anúncios e ficar com todo o dinheiro ou permitir que a rede social os venda por meio de sua Facebook Audience Network, retendo comissão de 30%.

"Vamos vender anúncios", disse Moore. No primeiro artigo da National Geographic Society, os anúncios eram convites para adesão à sociedade. "Mas não há dúvida de que as pessoas passam mais e mais tempo nessas comunidades. Existe uma oportunidade de introduzir nossos parceiros ao lado publicitário da coisa".

Justin Osofsky, vice-presidente de parcerias do Facebook, disse que a empresa conversou muito com as organizações noticiosas, não só sobre o que elas precisavam do ponto de vista de negócios mas também sobre o que precisavam para fazer com que os artigos instantâneos se enquadrassem mais facilmente ao seu fluxo de trabalho.

Osofsky disse que a versão dos artigos instantâneos lançada quarta-feira era só o começo. "Temos muito a fazer para o futuro", afirmou.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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