Folha de S. Paulo


Petrobras lançará até R$ 4 bi em títulos no mercado brasileiro

Pela primeira vez em 15 anos, a Petrobras vai tentar vender títulos de dívida no Brasil. O plano é levantar de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões para reforçar seu caixa e bancar seus investimentos.

A estatal foi obrigada a mudar a estratégia, porque os mercados internacionais estão avessos a seus papéis por causa da Operação Lava Jato. A Petrobras costuma fazer esse tipo de captação no exterior para pagar menos juros.

O público-alvo desses títulos serão os grandes investidores, como os fundos de pensão das estatais e os principais fundos de investimento em renda fixa.

Nesta semana, a Petrobras está concluindo a contratação dos bancos encarregados de coordenar a oferta. A missão deve ficar a cargo de Bradesco, Banco do Brasil, BTG Pactual e Votorantim.

Na divulgação do seu balanço, realizada em 22 de abril, o diretor financeiro da empresa, Ivan Monteiro, já havia acenado com a possibilidade de emitir dívida no mercado brasileiro.

Ricardo Moraes/Reuters
Diretoria da Petrobras, em evento que apresentou os resultados de 2014. Na ocasião, a empresa indicou que poderia emitir dívida no Brasil
Diretoria da Petrobras, em evento que apresentou os resultados de 2014. No evento, a empresa indicou que poderia emitir dívida no Brasil

Os bancos acreditam que pode haver boa demanda pelos papéis da Petrobras no Brasil, apesar da crise de confiança que a empresa vem enfrentando. O risco desses títulos é um calote da estatal, possibilidade considerada remota depois que a empresa divulgou seu balanço.

Desde que o ex-presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, e sua diretoria assumiram o comando em fevereiro, a estatal decidiu tomar mais empréstimos no mercado, apesar de sua dívida líquida já ter atingido R$ 282 bilhões.

Em seu último balanço, a empresa informou que pretende captar US$ 13 bilhões dos US$ 19 bilhões autorizados pelo conselho de administração.

Até agora, já conseguiu cerca de US$ 9 bilhões em operações com o Banco de Desenvolvimento da China, com o Standard Chartered e com bancos brasileiros.

A estatal pretende fechar o ano de 2015 com um caixa de US$ 20 bilhões, investimentos de US$ 29 bilhões e captações de US$ 13 bilhões.

Monteiro vem afirmando que a empresa vai buscar mercados alternativos para captar dinheiro, fora do eixo Nova York e Londres. "Estamos no momento de escolher captações criativas", disse o executivo na última reunião do conselho de administração, conforme áudio do encontro obtido pela Folha.

Na exposição aos conselheiros, Monteiro disse que foi procurado pelo JBIC, banco de desenvolvimento do Japão, para discutir novos empréstimos à companhia.

O contato ocorreu no dia seguinte ao anúncio do financiamento de US$ 3,5 bilhões dos chineses.

O executivo afirmou também que enxerga boas oportunidades na Europa. Segundo ele, a Petrobras recebeu sondagens para novos financiamentos de agências de cooperação da Noruega, Canadá, Inglaterra e Itália.


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