Folha de S. Paulo


Gigante das telecomunicações, Verizon comprará AOL por US$ 4,4 bilhões

A Verizon Communications anunciou nesta terça-feira (12) que adquiriria a AOL por US$ 4,4 bilhões, em uma transação paga integralmente em dinheiro que resultará na tomada de controle de uma antiga rainha da mídia pela atual rainha da telefonia móvel.

A Verizon é a maior operadora de telefonia móvel dos Estados Unidos, e tem linhas crescentes de negócios na oferta de acesso de alta velocidade à Internet, serviços para empresas, e vídeo em formato stream.

A AOL, que adquiriu a Time Warner por US$ 165 bilhões em uma transação amplamente considerada como desastrosa, e que serviu como ápice da bolha da Internet nos anos 90, agora é uma sombra do que foi no passado, e administra uma pequena coleção de propriedades de mídia e tecnologia.

Quando levados em consideração os sites mais populares associados à companhia, a AOL está entre os portais mais visitados do país.

A Verizon está definindo a transação como caminho para a expansão de suas ofertas de vídeo. Já líder na distribuição de vídeos para aparelhos móveis, por conta de sua rede nacional de telefonia celular, a Verizon também está batalhando para liderar o chamado mercado de vídeo "over the top", jargão que designa conteúdo televisivo distribuído via Internet.

Mas ao adquirir a AOL, a Verizon está comprando mais do que sites que hospedam conteúdo para streaming. Além de sua tecnologia de vídeo e publicidade, a empresa controla o site Huffington Post, um grupo de serviços online de notícias internacionais com crescente tráfego.

O grupo também administra um provedor de acesso discado à Internet, que está perdendo clientes mas continua lucrativo, fornecendo acesso a pessoas que vivem em áreas remotas demais para a banda larga, ou que jamais cancelaram suas velhas conexões discadas.

"A visão da Verizon é oferecer aos clientes uma experiência digital premium baseada em uma plataforma mundial para redes de múltiplas telas", afirmou Lowell McAdam, presidente-executivo da Verizon, em comunicado. "Essa aquisição sustenta nossa estratégia de oferecer conexão em múltiplas telas aos consumidores, criadores e anunciantes, a fim de propiciar uma experiência premium ao cliente".

A Verizon pagará US$ 50 por ação da AOL, ágio de 17% sobre o preço de fechamento de US$ 42,59 na segunda-feira. A Verizon bancará a aquisição com suas reservas de caixa e empréstimos de curto prazo.

"O mundo está se tornando cada vez mais móvel, e o avanço nessa direção é rápido", disse Tim Armstrong, presidente-executivo da AOL, em entrevista. Ele ficará na empresa depois da aquisição e disse que, ao fazê-lo, estará posicionado para ajudar a desenvolver a crescente área de conteúdo da operadora de telefonia.

A Verizon, com mais de 1,5 bilhão de aparelhos conectados, tem uma vasta rede pela qual distribui conteúdo móvel. O grupo vem discretamente ampliando suas ofertas de entretenimento, mas até o momento não havia realizado aquisições significativas com o objetivo de ampliá-las.

Com a AOL, a Verizon adquirirá uma coleção de sites de vídeo e entretenimento, e também tecnologia de publicidade, que poderá acrescentar à sua rede de distribuição.

"A combinação nos dará uma cadeira grande em uma mesa grande", disse Armstrong. "Temos ativos que claramente podemos conectar à plataforma da Verizon e ampliar para atendê-la".

Entre os maiores ativos que a Verizon está obtendo, se destaca o Huffington Post, que a AOL adquiriu em 2011 e que nos últimos meses vem introduzindo sites internacionais. "Foi sob minha gestão que o HuffPost subiu de 20 milhões para 200 milhões de usuários", disse Armstrong.

Não foram revelados detalhes sobre os negócios do Huffington Post, mas no final do ano passado Armstrong disse que os sites do grupo geravam centenas de milhões de dólares em receita a cada ano. Perguntado se Ariana Huffington, fundadora e rosto do Huffington Post, planejava se tornar funcionária da Verizon, Armstrong respondeu que "sim, com certeza".

A AOL e a Verizon vêm operando como parceiras em diversos projetos, nos últimos anos. Na metade do ano passado, em um evento promovido pela consultoria Allen & Co. em Sun Valley, Idaho, McAdam e Armstrong almoçaram juntos. Ao longo da refeição, disse Armstrong, eles discutiram a possibilidade de aprofundar seu contato, e também uma possível união.

Por boa parte do ano passado, a ideia circulou, e as duas companhias ponderaram a respeito. Nos últimos meses, elas contrataram assessoria legal e financeira e decidiram levar adiante a transação.

"Nos últimos dois meses, começamos a nos voltar ao acordo que assinamos hoje", disse Armstrong. "Foi uma progressão natural".

No agitado mercado de fusões e aquisições atual, US$ 4,4 bilhões não é um número terrivelmente alto, e 17% não é um ágio digno de manchetes. Mas para a AOL, que lutou para escapar ao seu passado conturbado e foi tema de incontáveis boatos de aquisição, a tomada de controle pela Verizon oferece alguma resolução, ao final de sua passagem como companhia independente.

"A Verizon era parceira natural para a AOL", disse Armstrong. "Nós vínhamos criando mídia, conteúdo e plataformas publicitárias, e eles vinham fazendo o mesmo para aparelhos móveis".

"A AOL volta a desbravar trilhas digitais, e estamos empolgados com a abertura de um novo caminho, juntas, no mundo digitalmente conectado", disse McAdam. "Na Verizon, temos investido estrategicamente em tecnologias emergentes, entre as quais a Verizon Digital Media Services e a OTT, que aproveitam a virada do mercado. O modelo de publicidade da AOL se alinha a essa abordagem, e a plataforma publicitária é uma ferramenta chave para o desenvolvimento de futuras fontes de receita".

A transação, que está sujeita a aprovação pelas autoridades regulatórias, deve ser concluída no terceiro trimestre.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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